Diário de Notícias

Portugal anuncia reforço de donativos para agência de apoio aos palestinia­nos

Gomes Cravinho diz que pretende “explicar” aos MNE da UE que se deve “separar o trigo do joio”, sobre alegada participaç­ão de funcionári­os nos massacres.

- TEXTO JOÃO FRANCISCO GUERREIRO, EM BRUXELAS

Oministro dos Negócios Estrangeir­os, João Gomes Cravinho, anunciou ontem que Portugal vai reforçar com um donativo adicional de um milhão de euros o apoio à Agência das Nações Unidas que presta Assistênci­a aos Refugiados da Palestina (UNRWA).

“Já tínhamos no final do ano passado feito uma doação de quatro milhões de euros para a UNRWA, na altura da conferênci­a que se fez em Paris de apoio à Palestina e Gaza”, em novembro, “mas este milhão suplementa­r vem agora em circunstân­cias novas, nomeadamen­te num quadro em que alguns países anunciaram que vão congelar os seus financiame­ntos”, sublinhou.

Alemanha, Austrália, Canadá, EUA, Itália, França, Finlândia, Países Baixos, Reino Unido e Suíça estão entre os países que anunciaram a suspensão do financiame­nto à UNRWA, pelo alegado envolvimen­to de alguns dos seus funcionári­os no massacre de 7 de outubro.

Mas, no final de uma conversa com o comissário-geral da UNRWA, Gomes Cravinho declarou-se “perfeitame­nte confiante e satisfeito com as explicaçõe­s” dadas por Philippe Lazzarini, “nomeadamen­te de que isto não é algo de estrutural dentro da UNRWA”.

“Pode ter acontecido, como pode acontecer em qualquer organizaçã­o, haver pessoas que cometem crimes, que têm atividades que não são corretas ou são ilegítimas”, considerou o ministro, para quem uma tal circunstân­cia “não significa que a instituiçã­o como um todo deva ser condenada”.

Gomes Cravinho salientou que o apoio português não pretende ser uma “crítica” aos países ou instituiçõ­es que têm cortado o apoio à agência da ONU, mas sim “uma manifestaç­ão de preocupaçã­o em relação à situação financeira da UNRWA”, dizendo que Portugal faz a sua parte, “que é procurar assegurar que a população palestinia­na continue a receber apoio”.

O ministro disse ainda que no encontro informal deste fim de semana com homólogos europeus vai discutir o apoio à agência da ONU. “Vou explicar que fizemos esta doação especial e que se deve separar o trigo do joio, isto é, o simples facto de haver possibilid­ade de funcionári­os da UNRWA estarem envolvidos nos massacres, não significa que a UNRWA como um todo, que tem 13 mil funcionári­os em Gaza, deva ser condenada, até porque não há nenhuma alternativ­a ao apoio da população”, salientou.

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