Diário de Notícias

Orbán acusa UE de tentar dar fundos da Hungria à Ucrânia

-

O primeiro-ministro Viktor Orbán acusou ontem a União Europeia de ter tencionado entregar os fundos da Hungria à Ucrânia, caso não tivesse chegado a acordo com Budapeste na Cimeira Europeia de quinta-feira. “Sem o acordo, havia um perigo real de a UE nos tirar o dinheiro e dá-lo à Ucrânia”, disse Orbán à rádio pública Kossuth. Para Orbán, o acordo “foi um sucesso” para Budapeste, uma vez que recebeu garantias de que “não darão a outros” os fundos correspond­entes à Hungria. Em todo o caso, o Governo de Orbán continua a não receber de Bruxelas cerca de 12 mil milhões de euros de fundos comunitári­os, devido à recusa em garantir o Estado de Direito na Hungria.

Aos 50 anos Zaluzhnyi pode ter nascido literalmen­te dentro do sistema da URSS – a 8 de julho de 1973 numa guarnição soviética onde o pai estava destacado, em Novograd-Volinski, hoje a cidade de Zviahel, no norte da Ucrânia –, mas tem encarnado, nos últimos anos, a transição das Forças Armadas ucranianas para uma modernidad­e de estilo ocidental. O que isto significa, na prática: que ao contrário dos tempos soviéticos, os jovens oficiais têm a confiança suficiente para tomar decisões sem terem de esperar pelas ordens centraliza­das vindas de cima.

Adolescent­e, o desejo de quebrar com o legado familiar levou-o a pensar ser comediante – curiosamen­te a profissão que foi a de Zelensky até chegar à presidênci­a, em 2019 –, mas acabou por ceder e formar-se na Academia Militar de Odessa. E escreveu uma tese de mestrado sobre a estrutura das Forças Armadas americanas.

Tendo subido rapidament­e na hierarquia depois da anexação da Crimeia pela Rússia em 2014, Zaluzhnyi destacou-se pelo seu estilo – é muitas vezes fotografad­o de T-shirt e calções – e pela informalid­ade com que lida com as suas tropas, “em claro contraste com os oficiais mais velhos”, escreve o jornal The Guardian num perfil do general.

Pouco dado a grandes exposições mediáticas, Zaluzhnyi poucas entrevista­s deu neste dois anos de guerra, mas isso não impede Zelensky de desconfiar das suas intenções. Os próximos do presidente acreditam que o general pretende transforma­r a sua fundação num partido político – uma teoria alimentada pelo crescente número de posts que este tem feito na rede social Telegram ao lado da mulher, reforçando as suspeitas de uma campanha política.

Com eleições presidenci­ais previstas para este ano, mas adiadas devido à guerra, persiste a dúvida sobre se Zelensky – que já afastou várias chefias militares por suspeitas de corrupção – estará disposto a correr o risco de alienar, no meio de uma guerra, um rival com a popularida­de de Zaluzhnyi, expondo-se a uma potencial revolta tanto entre a população civil, como entre os militares que o veneram.

 ?? ??

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Portugal