Amadora e arredores vão ter um hospital
Otítulo é enganador e a notícia – publicada na página 4 da edição do DN de hoje, há 50 anos – um amável favor ao ministro da Saúde e Assistência, Baltazar Rebelo de Sousa. Lê-se e, bem vistas as coisas, não se trata da construção de um hospital para servir a vila, então pertencente ao Concelho de Oeiras, e arredores, mas do licenciamento concedido por sua excelência o ministro para as obras de ampliação da Clínica de Santo António – o único estabelecimento hospitalar da Linha de Sintra.
A unidade da Amadora – Hospital Prof. Fernando Fonseca, clínico perseguido pela ditadura – foi projetado em 1985 e, após sucessivos atrasos, apenas será inaugurado em 1995, 20 anos depois da notícia a dar conta de que tinha sido autorizada a ampliação da Clínica de Santo António.
As obras previstas, que teriam a “assistência técnica” da Direção-Geral dos Hospitais, destinavam-se a “elevar a capacidade da clínica para mais de 200 camas” e “alargar os serviços-gerais de medicina, cirurgia geral e especialidades cirúrgicas”.
Era prometido, ainda, “instalar uma maternidade com serviço de cuidados intensivos para grávidas de alto risco, incrementar e desenvolver a prática de algumas especialidades” – nomeadamente, Otorrinolaringologia, Oftalmologia, Urologia, Ginecologia, Ortopedia, Cirurgia Pediátrica, Cirurgia Torácica e Neurocirurgia.
A clínica, concluídas as obras, teria um Serviço de Urgência com “todas as condições para funcionar permanentemente com apoio de laboratório e de radiologia” – além de “salas de recuperação para doentes operados e unidades de cuidados intensivos cardiorrespiratórios”. Iria ser criado um serviço de hemodiálise e “departamentos de “eletromiografia, endoscopia (respiratória e dos aparelhos digestivo e urinário) e angiologia”.
Igualmente se pretendia instalar “um lar para enfermeiras e um serviço social com casa de pessoal, cantina e creche”.
Após a conclusão das obras – que já tinham merecido respetiva autorização exarada em despacho ministerial – “a Clínica de Santo António será um pequeno hospital, apto a servir a vila da Amadora e os seus arredores em todas as necessidades fundamentais em termos de medicina atual” – esclarecia, por fim, a notícia.