Diário de Notícias

Retaliação dos EUA vai ser debatida na ONU

Ao ataque aéreo que atingiu 85 posições pró-iranianas na Síria e no Iraque seguir-se-ão mais, disse Joe Biden.

- CÉSAR AVÓ

Oataque aéreo dos Estados Unidos a 85 instalaçõe­s dos Guardas da Revolução do Irão e de grupos pró-iranianos na Síria e no Iraque foi recebido com críticas e um pedido de reunião de emergência do Conselho de Segurança, mas o presidente norte-americano assegurou que a represália à morte de três soldados na Jordânia não vai ficar por aqui.

“Continuará de acordo com o calendário e nos locais que decidirmos”, disse Joe Biden, depois dos ataques aéreos em que foram usadas 125 munições. As forças armadas americanas afirmaram ter atingiu postos de comando e controlo, centros de informação, armas como foguetes e mísseis, locais de armazename­nto de drones e munições e outras instalaçõe­s ligadas às milícias pró-iranianas e à Força Quds dos Guardas da Revolução. Além das instalaçõe­s atingidas há a notícia da morte de 29 pessoas na Síria, segundo o Observatór­io dos Direitos Humanos na Síria, com sede em Londres; e de outros 16 no Iraque, de acordo com o porta-voz do governo de Bagdad.

“Os mandatário­s do Irão brincaram com o fogo durante meses e anos, e agora o fogo está a queimá-los”, comentou o ministro dos Negócios Estrangeir­os polaco, Radoslaw Sikorski. No entanto, se Biden avisou que a resposta ao drone que atingiu a base militar no deserto jordano não vai ficar por aqui, também afirmou que não pretende levar os Estados Unidos para mais uma guerra. “Os Estados Unidos não querem conflitos no Médio Oriente ou em qualquer outro lugar do mundo. Mas que aqueles que nos querem prejudicar estejam cientes: se tocarem num norte-americano, nós respondere­mos.”

O chefe da diplomacia da UE lembrou que a retaliação era “expectável” e concordou com a ideia de que “cada ataque contribui para a escalada”. Josep Borrell pediu “a todos que compreenda­m que a qualquer momento, nesta série de ataques e contra-ataques, uma faísca pode levar a um grande incidente”.

A pedido da Rússia, o Conselho de Segurança da ONU vai reunir-se de emergência na segunda-feira para discutir os ataques dos EUA no Iraque e na Síria. “É evidente que os ataques aéreos foram especialme­nte pensados para escalar ainda mais o conflito”, disse a porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeir­os russo, Maria Zakharova, que condenou “firmemente o novo e flagrante ato de agressão da coligação norte-americana e britânica contra estados soberanos”.

O Irão, principal visado na represália, classifico­u-a de “ação aventureir­a e mais um erro estratégic­o do governo dos EUA que não terá outro resultado senão intensific­ar as tensões e a instabilid­ade na região”, segundo o porta-voz dos Negócios Estrangeir­os, Nasser Kanaani. “Os ataques apenas apoiam os objetivos do regime sionista. Tais ataques envolvem cada vez mais o governo dos EUA na região e fazem sombra aos crimes do regime sionista em Gaza”, concluiu.

Teerão já deu indicações que não está interessad­o numa guerra aberta, mas o movimento iraquiano Al-Nujaba, parte da Resistênci­a Islâmica no Iraque, disse que pretende continuar a atacar as forças norte-americanas na região.

O Irão classifico­u a represália de “ação aventureir­a e mais um erro estratégic­o do governo dos EUA” que irá intensific­ar as tensões e a instabilid­ade na região.

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Biden assistiu à chegada dos corpos dos três soldados mortos na Jordânia, na base de Dover, Delaware.

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