O respeitinho é muito bonito...
Principiou de manhã, no salão nobre do Ministério das Corporações e Segurança Social, a anunciada reunião anual dos delegados do Instituto Nacional do Trabalho e da Previdência (INTP) do continente e das ilhas adjacentes (como eram então oficialmente designadas as atuais Regiões Autónomas da Madeira e dos Açores).
O INTP foi criado por Salazar, em 1933, juntamente com o Estatuto do Trabalho Nacional – as bases da doutrina corporativa do Estado Novo. Os patrões, organizados em grémios, e os trabalhadores, em sindicatos nacionais, sob a vigilante e musculada tutela governamental com vista à ordem e à construção da paz social.
A primeira sessão de trabalho foi presidida pelo ministro das Corporações e da Segurança Social , Silva Pinto, ladeado pelos subsecretários de Estado do Trabalho e da Segurança Social, respetivamente, Pinto Cardoso e Ivo Cruz.
O ministro falou para apelar ao respeito pelos valores perenes da fé cristã.
“O nosso povo é insistentemente aliciado pelas tentativas de alguns que procuram subverter o clima de paz social , recorrendo inclusivamente à mentira e à calúnia, combatendo a promoção económica dos trabalhadores nos termos realistas em que a temos mantido, insinuando que outros progressos se conseguiram com base em conflitos sociais, negando as vantagens da previdência e os méritos da livre contribuição para os organismos corporativos, dando a entender que a ambiciosa política educativa e de formação profissional não são viáveis, diminuindo o papel das instituições e, entre estas, a da família na sociedade do futuro”, disse o ministro.
E continuou Silva Pinto: “Mas sabemos também quanto o nosso povo, na sua esmagadora maioria, é indiferente a tais pressões e reconhece na nossa política social o valor dos princípios defendidos e a importância das realizações que atestam o interesse dos legítimos interesses das economias menos favorecidas e autenticam como testemunho as promessas que vão sendo feitas num único propósito de informação. Sabemos ainda quanto esse povo, com o qual falamos no dia a dia do nosso trabalho (...), respeita regras humaníssimas, regras de convivência, o papel da família e os valores perenes da fé cristã.”