Diário de Notícias

Bolieiro manteve deputados, ganhou votos e assistiu à derrota de Cordeiro

Centro-direita açoriano ficou à frente do PS pela primeira vez desde 1996. Maioria absoluta não foi possível, mas AD só fica atrás do Chega no acréscimo de eleitores.

- TEXTO LEONARDO RALHA

Nem ter ficado aquém da maioria absoluta, dificultad­a pela distribuiç­ão de cinco deputados no círculo de compensaçã­o, ou o facto de os 42,08% obtidos pela Aliança Democrátic­a (AD) ficarem menos de meio ponto percentual acima da soma de PSD, CDS-PP e PPM nas regionais de 2020 abalou o entusiasmo de José Manuel Bolieiro na noite de domingo. Mais do que os 26 eleitos que manteve na Assembleia Legislatur­a Regional dos Açores, e da primeira vitória do centro-direita sobre o PS em eleições regionais desde 1996, o líder social-democrata que lidera o governo regional desde 2020 – quando fez uma coligação pós-eleitoral, juntando-lhe o apoio parlamenta­r do Chega e da Iniciativa Liberal – venceu sem margem para dúvidas o PS deVasco Cordeiro, que perdeu dois deputados, descendo para 23, e viu abrir-se um fosso em relação aos principais adversário­s políticos.

Com mais 5297 votos do que a soma dos três partidos que a compõem em 2020, a AD foi a força mais votada em todas as ilhas, tirando Santa Maria, Flores e Corvo (ver texto ao lado). Num contexto de diminuição da abstenção (de 54,58% para 49,67%), e com as principais lideranças partidária­s nacionais a rumarem aos Açores para apoiar candidatos regionais, só o Chega cresceu mais do que a coligação liderada por José Manuel Bolieiro em número de votos. Além de passar de dois para cinco deputados – dois por São Miguel, um pela Terceira e dois pelo círculo de compensaçã­o –, o partido de André Ventura, liderado nos Açores por José Pacheco, mais do que duplicou os votos, de 5260 para 10626, chegando aos 9,19%.

Sinal evidente de que os partidos e coligações que se apresentar­am nas eleições regionais mobilizara­m os açorianos foi quase todos terem acréscimo de votação relativame­nte a 2020. Ainda que claramente derrotados, o que foi reconhecid­o por Vasco Cordeiro, pelo secretário-geral do PS, Pedro Nuno Santos, e pelo presidente do partido (antigo presidente do Governo Regional dos Açores), Carlos César, os socialista­s também tiveram mais 837 votos.

Também a Iniciativa Liberal, apesar de ter contribuíd­o para o chumbo do orçamental regional, que motivou eleições antecipada­s, subiu 470 votos (para 2,15%), mantendo um deputado, e a CDU subiu 78 votos (para 1,58%), falhando o objetivo de recuperar a representa­ção parlamenta­r.

Abaixo da votação de há quatro anos só o Bloco de Esquerda, que perdeu 1026 eleitores e um dos seus dois deputados, o PAN, que recuou 97 votos (mantendo o seu eleito) e a coligação Alternativ­a 21. Nesse caso devido a muitos problemas nas listas, ficando muito aquém dos 579 votos que o Aliança e o MPT – Partido da Terra somaram em 2020.

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