André Silva abandona PAN “que, mais do que elástico, é hoje plástico”
Antecessor de Inês de Sousa Real, e primeiro deputado eleito pelo partido, justifica a decisão pelo apoio “aberrante” à governação de direta na Madeira.
Oex-porta-voz do PAN, André Silva, principal rosto do partido entre 2014 e 2021, sendo o primeiro deputado eleito para a Assembleia da República, anunciou ontem a sua desfiliação. Fê-lo através de um artigo de opinião, que saiu ontem no Público, escrevendo que o PAN se tornou “profundamente irresponsável” e tem em curso “o processo de abandono de um projeto político em nome de um projeto de poder, afigurando-se uma carochinha à espera do João Tachão”.
A decisão de André Silva, que estava afastado da vida partidária nos últimos anos, deveu-se sobretudo ao apoio da deputada regional Mónica Freitas ao Governo Regional da Madeira. “A notória disponibilidade para bailar com (quase) todos, aliada à pretensão de fomentar uma imagem de moderação, sensatez e outras coisas que tais, transforma o PAN num partido quase inútil às causas que proclama defender e que justificam a sua existência no nosso país”, defendeu o antecessor da atual porta-voz, Inês de Sousa Real, no artigo “O PAN deixou de me representar”.
“Mais do que elástico, o PAN é hoje plástico”, criticou o antigo deputado do PAN, único em 2015 e com três colegas de bancada após legislativas de 2019. Para André Silva, o apoio parlamentar ao Governo minoritário de Miguel Albuquerque foi “aberrante” por representar a “venda dos valores do partido” a um “regime cleptocrático” só “porque não tem touradas”, e sem se preocupar em negociar contrapartidas na defesa do ambiente e da vida animal.
O DN tentou obter uma reação oficial do PAN à decisão de André Silva, o que não foi possível até ao fecho desta edição.
Começaram os debates televisivos entre os nossos políticos em campanha eleitoral. A golpes de Google fui procurar frases de grandes pensadores ocidentais sobre a relação entre a linguagem, a política e a verdade – desde Sócrates, na Antiga Grécia, até aos nossos dias.
Passo a citar:
Sócrates filósofo, 469 a.C – 399 a.C.:
“O começo da sabedoria é a definição dos termos. Quando a linguagem é usada para confundir, perdemos a essência da comunicação e da verdade.”
Aristóteles 384 a. C. – 322 a. C.:
“A retórica é a arte de persuadir, mas quando separada da verdade e da justiça, torna-se uma ferramenta para o engano e a manipulação.”
São Tomás de Aquino teólogo, 1225-1274:
“A finalidade das palavras é conduzir ao conhecimento das coisas.”
Karl Marx
“A linguagem é o reflexo imediato da realidade. Em todas as épocas, a linguagem política serve como expressão dos interesses da classe dominante e como um meio para mascarar esses interesses.”
Winston Churchill 1874-1965:
“Em tempo de guerra, a verdade é tão preciosa que deve ser sempre acompanhada por um cortejo de mentiras.”
Antonio Gramsci filósofo, 1891-1937: filósofo, 1818-1883: político,
“Cada vez que a classe dominante consegue impor a sua definição da realidade, fazendo-a ser aceite como a única definição sensata, ela exerce o poder hegemónico.”
Theodore Adorno filósofo, 1903-1969, e Max Horkheimer filósofo, 1895-1973:
“A cultura da indústria cultural tem manipulado não só a sociedade, mas também a própria linguagem, tornando-a uma forma de domínio.”
George Orwell escritor, 1903-1950:
“A linguagem política é feita para fazer com que a mentira soe a verdade, que o crime se torne respeitável e para dar ao vento uma aparência de solidez.”
Hannah Arendt filósofa, 1906-1975:
“A retórica política que procura mais vencer argumentos do que a verdade e a justiça pode destruir a nossa capacidade de comunicação e de compreensão mútuas.”
Simone de Beauvoir escritora, 1908-1986:
“Não se pode confiar em quem promete uma vida sem dor e sem conflito; a política baseada em ilusões, apenas prepara o terreno para futuros desastres.”
Louis Althusser filósofo, 1918-1990:
“A ideologia opera não apenas nas ideias e nas crenças, mas também na prática, e a linguagem é um de seus instrumentos mais poderosos para reproduzir relações de domínio.”
Michel Foucault filósofo, 1926-1984:
“O discurso não é simplesmente aquilo que traduz as lutas ou os sistemas de domínio, mas é aquilo pelo qual e com o qual se luta, é o próprio poder de que procuramos apoderar-nos.”
Noam Chomsky
“A manipulação da linguagem e o uso de retórica para enganar são partes fundamentais da manutenção do poder.”
Jürgen Habermas filósofo, 1929:
“O espaço público democrático depende da comunicação racional, não da retórica que visa manipular e dominar.”
Chantal Mouffe politicóloga, 1943:
“Uma democracia vibrante requer debate e confronto, mas dentro de um quadro de respeito mútuo, não de desqualificação do outro.”
Slavoj Zizek
“A violência não está apenas nas bombas e nos tiros, está também nas palavras que preparam o palco para esses atos.”
Cornel West filósofo, 1928: filósofo, 1949: ativista, 1953:
“A verdadeira questão é esta: a retórica serve para iluminar e fortalecer a democracia ou para obscurecer e enfraquecê-la?”
Fim de citações...
Que conclusão tiro?
O tipo (ou tipa) que na TV nos fale a verdade, procure conhecimento, respeite o adversário, seja racional, não prometa ilusões, procure ser justo, não se submeta ao domínio do pensamento único, não hipoteque ideias à ganância do poder, não se limite a espelhar a vontade das classes dominantes... é o tipo (ou tipa) que vai perder as eleições. Os outros todos têm algumas hipóteses, como confirmam, aliás, as mais excêntricas sondagens de opinião.