Opinião pessoal (IX)
O Essencial sobre o IPO Lisboa, escrito pela historiadora Helena da Silva, (...) assume indiscutível interesse, sobretudo no contexto atual de eleições, visto que apresenta propostas a serem implementadas a curto, médio e longo prazos.”
OInstituto Português de Oncologia comemorou o seu primeiro centenário. No âmbito das iniciativas promovidas pela atual administração, a Imprensa Nacional acaba de editar o volume intitulado O Essencial sobre o IPO Lisboa, escrito pela historiadora Helena da Silva. Trata-se de um pequeno livro que descreve o percurso do Instituto ao longo de 100 anos. Considero que a obra, para além de oportuna, assume indiscutível interesse, sobretudo no contexto atual de eleições, visto que apresenta propostas a serem implementadas a curto, médio e longo prazos. Acaba por ser a história do IPO desde a sua fundação até ao futuro.
Há 50 anos, quando terminei o curso na Faculdade de Medicina de Lisboa, o IPO era uma referência muito respeitada por todos os médicos. Mas, na altura, lembro-me de ter ficado admirado com a sua dependência em relação ao Ministério da Educação e não ao Ministério da Saúde, como eu imaginaria mais normal. Fui, então, deslindar a razão que explicaria a minha estranheza inicial. Não demorei a descobrir que o Instituto fora criado por iniciativa do ministro da Instrução Pública, António Sérgio, na tripla perspetiva da promoção da investigação, do ensino e da assistência.
O decreto de António Sérgio, logo promulgado pelo Presidente Manuel Teixeira Gomes, a 29 de dezembro de 1923, desenhou, para sempre, a fronteira para o novo tempo da Medicina Portuguesa.*
Encontrei, igualmente, a explicação para as duas denominações sucessivas do Instituto: primeiro “estudo do cancro” e depois “de oncologia”.
Preciso.
Na Antiguidade Grega, os médicos observaram que as veias dilatadas e vasos linfáticos engorgitados que rodeavam o aparecimento de uma massa (tumor) faziam lembrar as patas de um caranguejo. Por isso, chamaram à massa Karkinos que em grego significa caranguejo e que, traduzido para o latim, é cancer. Ora, assim se explica que o símbolo do IPO, ainda hoje, seja a imagem de um caranguejo.
Por outro lado, como o aparecimento de uma massa era condição para estabelecer o diagnóstico de cancro e, uma vez que em grego onkos significa massa, conclui-se que a expressão Instituto Português de Oncologia é, absolutamente sinónima de Instituto Português para o Estudo do Cancro, designação que consta do Decreto de 1923.
*Relembro que António Sérgio e Teixeira Gomes são figuras maiores da Cultura e da Política na primeira metade do Século XX.