Diário de Notícias

Opinião pessoal (IX)

- Francisco George Ex-diretor-geral da Saúde franciscog­eorge@icloud.com

O Essencial sobre o IPO Lisboa, escrito pela historiado­ra Helena da Silva, (...) assume indiscutív­el interesse, sobretudo no contexto atual de eleições, visto que apresenta propostas a serem implementa­das a curto, médio e longo prazos.”

OInstituto Português de Oncologia comemorou o seu primeiro centenário. No âmbito das iniciativa­s promovidas pela atual administra­ção, a Imprensa Nacional acaba de editar o volume intitulado O Essencial sobre o IPO Lisboa, escrito pela historiado­ra Helena da Silva. Trata-se de um pequeno livro que descreve o percurso do Instituto ao longo de 100 anos. Considero que a obra, para além de oportuna, assume indiscutív­el interesse, sobretudo no contexto atual de eleições, visto que apresenta propostas a serem implementa­das a curto, médio e longo prazos. Acaba por ser a história do IPO desde a sua fundação até ao futuro.

Há 50 anos, quando terminei o curso na Faculdade de Medicina de Lisboa, o IPO era uma referência muito respeitada por todos os médicos. Mas, na altura, lembro-me de ter ficado admirado com a sua dependênci­a em relação ao Ministério da Educação e não ao Ministério da Saúde, como eu imaginaria mais normal. Fui, então, deslindar a razão que explicaria a minha estranheza inicial. Não demorei a descobrir que o Instituto fora criado por iniciativa do ministro da Instrução Pública, António Sérgio, na tripla perspetiva da promoção da investigaç­ão, do ensino e da assistênci­a.

O decreto de António Sérgio, logo promulgado pelo Presidente Manuel Teixeira Gomes, a 29 de dezembro de 1923, desenhou, para sempre, a fronteira para o novo tempo da Medicina Portuguesa.*

Encontrei, igualmente, a explicação para as duas denominaçõ­es sucessivas do Instituto: primeiro “estudo do cancro” e depois “de oncologia”.

Preciso.

Na Antiguidad­e Grega, os médicos observaram que as veias dilatadas e vasos linfáticos engorgitad­os que rodeavam o aparecimen­to de uma massa (tumor) faziam lembrar as patas de um caranguejo. Por isso, chamaram à massa Karkinos que em grego significa caranguejo e que, traduzido para o latim, é cancer. Ora, assim se explica que o símbolo do IPO, ainda hoje, seja a imagem de um caranguejo.

Por outro lado, como o aparecimen­to de uma massa era condição para estabelece­r o diagnóstic­o de cancro e, uma vez que em grego onkos significa massa, conclui-se que a expressão Instituto Português de Oncologia é, absolutame­nte sinónima de Instituto Português para o Estudo do Cancro, designação que consta do Decreto de 1923.

*Relembro que António Sérgio e Teixeira Gomes são figuras maiores da Cultura e da Política na primeira metade do Século XX.

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