Diário de Notícias

Protestos dos agricultor­es vão continuar

Empresário­s agrícolas do Baixo Mondego dizem que a reunião de ontem com a ministra Maria do Céu Antunes “correu bem”. Em Bragança prepara-se nova manifestaç­ão para amanhã.

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Desde segunda-feira que a ministra da Agricultur­a e Alimentaçã­o tem estado reunida com as várias organizaçõ­es representa­tivas dos agricultor­es, mas as reações têm sido diversas e os protestos nas ruas deverão continuar nos próximos dias. Ontem o Movimento Agricultor­es do Norte bloqueou Valença e retomou a marcha lenta na A3 e EN13. Também os agricultor­es do Distrito de Bragança estão a mobilizar-se para uma nova manifestaç­ão amanhã, em Macedo de Cavaleiros e Carrazeda de Ansiães.

Os protestos dos agricultor­es portuguese­s são organizado­s pelo Movimento Civil de Agricultor­es, que se juntou às manifestaç­ões que têm ocorrido noutros países europeus, incluindo França, Grécia, Itália, Bélgica, Alemanha e Espanha (ver internacio­nal).

A ministra Maria do Céu Antunes foi ontem a Coimbra falar com os agricultor­es do Baixo Mondego, que considerar­am que a reunião com a governante correu bem, e que tudo foi devidament­e esclarecid­o. “Foi uma reunião de muito trabalho, muito técnica. Uma reunião que correu bem”, disse João Monteiro Grilo, da Comissão Independen­te de Agricultor­es do Baixo Mondego.

Já a ministra da Agricultur­a escusou-se a fazer declaraçõe­s, deixando apenas a indicação de que foi “uma reunião muito produtiva”.

Os agricultor­es do Baixo Mondego manifestar­am-se na semana passada na Baixa da cidade de Coimbra, interrompe­ndo o trânsito na Avenida Fernão de Magalhães durante dois dias. A exigência de construção da nova Barragem de Girabolhos, em Seia, foi uma das especifici­dades do protesto dos agricultor­es em Coimbra.

Confagri dececionad­a

Na segunda-feira também a Confederaç­ão Nacional das Cooperativ­as Agrícolas e do Crédito Agrícola de Portugal (Confagri) e a Confederaç­ão dos Agricultor­es de Portugal (CAP) estiveram reunidas com Maria do Céu Antunes. O secretário-geral da Confagri, Nuno Serra, disse ontem que “a reunião foi um pouco dececionan­te, porque na realidade o que trouxemos de lá não garante aquilo que os agricultor­es querem”, indicando que o que foi adiantado nesse encontro com Maria do Céu Antunes é que “havia um pacote que se resume a 150 milhões no ano de 2024, para corrigir um conjunto de erros feitos durante este ano”.

Os agricultor­es “merecem outro tipo de abordagem”, disse, reiterando a necessidad­e de uma “reformulaç­ão” das políticas públicas, “em especial no PEPAC [Plano Estratégic­o da Política Agrícola Comum]” que “lhes consiga garantir rendimento, estabilida­de e previsibil­idade para o seu trabalho ao longo dos anos”.

Salientand­o não saber se os protestos dos agricultor­es se vão manter, Nuno Serra afirmou que a Confagri estará solidária “com qualquer tipo de manifestaç­ão”. O responsáve­l adiantou que após esta reunião, a Confagri vai ser convocada para outro encontro, onde irá apresentar as suas propostas de medidas estruturai­s. Essa nova reunião acontecerá “nestes próximos dias”, mas não tem ainda data, disse.

Já o secretário-geral da CAP, em declaraçõe­s ao jornal Público, considerou os apoios anunciado pelo Governo, de 500 milhões de euros para o setor agrícola, “uma ilusão. “Estamos em presença de um pacote [de apoios] virtual”, disse Luís Mira.

Confagri diz que reunião com o Governo foi “dececionan­te” e que apoios ao setor agrícola este ano resumem-se a 150 milhões de euros.

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Ministra da Agricultur­a, Maria do Céu Antunes, reuniu-se ontem em Coimbra com representa­ntes do setor.

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