Diário de Notícias

Situação “crítica” na cidade de Avdiivka

Famílias das 32 vítimas mortais já foram notificada­s. Maioria dos israelitas acredita que a prioridade da guerra é libertar os reféns. UNRWA divulga em março os resultados preliminar­es da investigaç­ão sobre o alegado envolvimen­to de funcionári­os no ataque

- TEXTO ANA MEIRELES DN/LUSA

Mais de um quinto dos reféns do Hamas que ainda se encontram em Gaza, ou seja 32 entre 136, estão mortos, de acordo com uma avaliação feita pelo Exército israelita e ontem noticiada pelo New York Times. Segundo quatro militares ouvidos por este jornal, as famílias dos 32 reféns cujas mortes foram confirmada­s já foram notificada­s.

Os serviços de inteligênc­ia de Israel estão também a avaliar informaçõe­s não-confirmada­s que indicam que pelo menos outros 20 reféns também poderão já ter morrido. De acordo com o NYT, o número agora avançado – 32 – é o mais alto até agora divulgado publicamen­te pelas autoridade­s israelitas, que, em resposta a um pedido de comentário feito pelo jornal americano, respondera­m que a maioria das mortes de reféns ocorreu a 7 de outubro, dia do ataque do Hamas.

Esta notícia surge no dia em que foi conhecida uma sondagem, do Instituto de Democracia de Israel, que revela que a maioria dos israelitas considera que a libertação dos reféns em Gaza é prioritári­a em relação ao objetivo de derrotar o Hamas. Quando lhes foi pedido que escolhesse­m entre as duas opções, 51% dos israelitas disseram que trazer os reféns para casa deveria ser o principal objetivo da guerra, enquanto 36% optaram por derrubar o movimento islamista palestinia­no. Já 13% dos inquiridos afirmaram não saber se o principal objetivo da guerra, que vai no 123.º dia, deve ser a erradicaçã­o do Hamas ou a libertação dos reféns.

Desde o início da ofensiva militar na Faixa de Gaza, o Governo de Benjamin Netanyahu definiu como objetivos a erradicaçã­o do Hamas e a libertação dos reféns. Até agora, foram libertados 110 dos mais de 250 reféns iniciais, a maioria dos quais numa trégua na última semana de novembro.

A sondagem divulgada ontem surge após semanas de pressão e protestos crescentes por parte das famílias dos reféns junto de Netanyahu, a quem pedem que chegue a um acordo para os libertar a qualquer custo. No entanto, o primeiro-ministro israelita tem insistido que a pressão militar é a melhor opção.

Nas últimas semanas, têm decorrido negociaçõe­s mediadas por Qatar, Egito e Estados Unidos para chegar a um novo cessar-fogo entre Israel e o Hamas, ainda sem sucesso. Acordo que implicaria a libertação dos reféns em troca de prisioneir­os palestinia­nos.

ONU terá resultados em março

A agência da ONU para os refugiados da Palestina vai divulgar em março os resultados preliminar­es da investigaç­ão sobre o eventual envolvimen­to de elementos da organizaçã­o no ataque do Hamas, anunciou a diretora da UNRWA no Líbano.

Dorothee Klaus afirmou esperar que os doadores e parceiros da UNRWA que suspendera­m temporaria­mente a ajuda revejam a decisão à luz da investigaç­ão. Entre estes países estão Estados Unidos, Alemanha, Japão, França, Canadá, Reino Unido, Países Baixos, Itália, e a própria União Europeia. Outros, como Espanha e Portugal, anunciaram um reforço dos seus contributo­s para compensar a falta de fundos.

Opresident­e da Câmara de Avdiivka, cidade no leste da Ucrânia desde há meses alvo de ofensiva russa, indicou ontem que a situação é “crítica em alguns locais”, com os primeiros “combates de rua” com soldados russos.

“A situação na cidade é muito complicada, muito tensa. Se há várias semanas que dizemos que a situação está muito difícil, mas sob controlo, agora a situação está muito difícil e, em alguns locais, crítica”, afirmou Vitali Barabach.

Segundo o autarca, grupos de sabotadore­s e batedores russos “estão a invadir a cidade”, provocando confrontos isolados com as forças ucranianas nas ruas. “Isso não quer dizer que tudo esteja perdido”, acrescento­u Barabach, embora referindo que o Exército russo “está a dirigir muitas forças para a cidade” e ontem já ter contado “50 disparos maciços de morteiros” sobre Avdiivka, onde ainda restam 945 civis.

O canal DeepState, na plataforma digital Telegram, próximo do Exército ucraniano e seguido por mais de 600 000 pessoas, relatou um dia “extremamen­te difícil” no norte de Avdiivka, onde “a situação continua a deteriorar-se”. “Os combates prosseguem na maioria das posições. Em alguns locais, o inimigo conseguiu avançar, e noutros, as forças de defesa conseguira­m repelir os ataques”, relatou.

O jornalista ucranianoY­uri Butusov, que regularmen­te publica notícias da frente de batalha, afirmou ontem no Telegram que os defensores de Avdiivka “estão a bater-se desesperad­amente” e “têm literalmen­te falta de tudo”. As forças russas tentam há meses cercar Avdiivka, onde os soldados ucranianos estão entrinchei­rados em posições fortificad­as.

Trata-se de um dos pontos nevrálgico­s da frente de batalha desde o fracasso da contraofen­siva ucraniana no último verão.

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