Juiz libertou mais seis e revela hoje se Madureira fica detido como pede o MP
OPERAÇÃO PRETORIANO Líder dos Super Dragões conhece medidas de coação esta tarde. Mulher e mais cinco suspeitos de participarem nos desacatos da AG de novembro já dormiram ontem em casa.
As medidas de coação decididas pelo juiz no âmbito da Operação Pretoriano serão conhecidas hoje, entre as 16.00 e as 18.00 horas. O Ministério Público (MP) pediu prisão preventiva para o líder dos Super Dragões, Fernando Madureira, assim como para Hugo Carneiro, também elemento da claque portista. Vítor Catão, adepto do FC Porto e antigo presidente do São Pedro da Cova, pode enfrentar prisão domiciliária com pulseira eletrónica. Apenas estes três ficaram detidos a aguardar a aplicação de medidas de coação.
Madureira foi o último dos 12 detidos a ser ouvido pelo juiz Pedro Miguel Vieira, do Tribunal de Instrução Criminal (TIC) do Porto. O interrogatório só aconteceu na segunda-feira, com o líder da claque a ser ouvido durante quatro horas e meia. Depois disso, o juiz solicitou novamente a compatrência dos advogados dos 12 arguidos no TIC para decidirem o passo seguinte e já ontem mandou para casa seis dos suspeitos no caso dos desacatos da Assembleia Geral do FC Porto do passado dia 13 de novembro.
Uma decisão com base no que foi decidido pelo Ministério Público, que pediu medidas de coação privativas da liberdade, incluindo para Sandra Madureira, mulher de Fernando Madureira e vice-presidente dos Super Dragões, claque do FC Porto, que não quis prestar declarações. Sandra saiu de carro e de rosto tapado, enquanto os outros cinco elementos saíram a pé e foram recebidos por amigos e familiares nas imediações do tribunal.
São agora nove os suspeitos em liberdade, uma vez que além dos seis a quem ontem o juiz deu ordem de soltura, já havia três em liberdade desde sábado.
Só hoje, quando forem decretadas as medidas de coação de Fernando Madureira será possível saber que rumo levará a Operação Pretoriano, para além do futuro imediato dos três ainda detidos. Em causa, segundo a procuradoria-Geral Distrital do Porto, estão “crimes de ofensa à integridade física no âmbito de espetáculo desportivo ou em acontecimento relacionado com o fenómeno desportivo, coação e ameaça agravada, instigação pública a um crime, arremesso de objetos ou produtos líquidos e ainda atentado à liberdade de informação”.
Desacatos orquestrados
Na quarta-feira, a PSP deteve 12 pessoas, incluindo dois funcionários do clube e o líder dos Super Dragões, Fernando Madureira, no âmbito da Operação Pretoriano, que investiga os incidentes verificados numa assembleia-geral (AG) extraordinária do clube do passado mês de novembro, que devia votar uma alteração estatutária importante com vista às próximas eleições do clube, depois de André Villas-Boas ter revelado a intenção de marcar presença e de se candidatar à presidência – o que fez no dia 17 de janeiro.
De acordo com o documento a que o DN teve acesso, o Ministério Público sustenta que a claque Super Dragões pretendeu “criar um clima de intimidação e medo” na AG do FC Porto, para que fosse aprovada a revisão estatutária “do interesse da atual direção” de Pinto da Costa. A reunião magna acabou interrompida devido a agressões entre sócios.
Segundo o MP, os suspeitos intimidaram os associados “sob ameaça”, segundo se pode ler no documento: “Batam palmas filhos da p***”;“Não estão a bater palmas estão fo***os”; “És Villas-Boas, desaparece daqui se não levas mais”; “Vocês vão morrer”; “Vão todos levar nos cornos, seus filhos da p***”; “Ou bazam ou vão morrer, tudo fora daqui filhos da p***, o Porto é nosso, que não está com Pinto da Costa vai morrer.”
Incidentes que terão sido “orquestrados” ao mais alto nível. Segundo o MP, Adelino Caldeira, o administrador da SAD do FC Porto, é suspeito de conluio com o líder da claque dos Super Dragões, Fernando Madureira. O dirigente já negou a acusação e prometeu agir judicialmente contra quem o envolveu.
Depois dos incidentes na AG de 13 de novembro, André Villas-Boas, ex-treinador e candidato às eleições de abril, pediu que fosse aberta uma investigação às “agressões e intimidações múltiplas de uma guarda pretoriana” a sócios do FC Porto. Foi daí que resultou o nome Operação Pretoriano.