Diário de Notícias

Peseiro quer acabar com o quase e chegar à final da CAN

A Nigéria, treinada pelo português, defronta hoje a África do Sul nas meias-finais. Osimhen está recuperado. Peseiro tem uma longa carreira de treinador, mas apenas dois títulos: um Campeonato do Egito pelo Al Ahly e uma Taça da Liga pelo Sp. Braga.

- TEXTO NUNO FERNANDES

Treinador português lembra que a África do Sul eliminou Marrocos e pede uma equipa a 100%.

Aépoca 2004-05 é uma espinha cravada na carreira de José Peseiro. No comando do Sporting, chegou perto do final da temporada com dois grandes títulos na mira: o Campeonato e a Taça UEFA. Mas no espaço de uma semana, o sonho esfumou-se. Uma derrota com o Benfica roubou o título aos leões e os russos do CSKA Moscovo fizeram a festa na final... realizada em Alvalade. Peseiro ficou conhecido como o treinador do quase, um rótulo que vai agora tentar contrariar, começando já hoje por apurar a seleção da Nigéria para a final da Taça das Nações Africanas (CAN).

Peseiro está perto de fazer história e alcançar o melhor registo de um treinador português na prova, pertencent­e a Paulo Duarte, que na edição de 2017 levou o Burkina Faso a um honroso 3.º lugar. Mas para o conseguir, terá de eliminar hoje a África do Sul nas meias-finais (17.00, SportTV2) – a outra semifinal é entre a anfitriã Costa do Marfim e a República do Congo.

“Estamos a realizar um bom trabalho. Vejo organizaçã­o e empenho, jogamos juntos como uma equipa. Queremos vencer a África do Sul para chegar à final. Para isso temos de disputar um jogo de alto nível contra uma seleção que eliminou Marrocos, que fez um Campeonato do Mundo fantástico. Temos

de jogar a 100% ou mais para vencer uma equipa muito boa”, referiu ontem Peseiro no lançamento do jogo.

O técnico natural de Coruche, de 63 anos, tem uma longa carreira de treinador, iniciada em 1992 no União de Santarém. Comandou dezenas de clubes (em Portugal, além do Sporting, orientou, entre outros, FC Porto, Sp. Braga e V. Guimarães) e em algumas seleções (Arábia Saudita e Venezuela). Mas são pouco os títulos no currículo, apenas um Campeonato conquistad­o no Al Ahly, do Egito. E uma Taça da Liga pelo Sp. Braga, em 2012-13. A conquista da Taça das Nações Africanas seria, sem dúvida, o troféu mais importante.

Esta caminhada de sucesso da

Nigéria na CAN poderia, eventualme­nte, ter tido um desfecho diferente. Isto porque, em novembro, Peseiro esteve a um passo de ser despedido. A confissão foi feita por um elemento da Federação Nigeriana de Futebol. E só não aconteceu por razões financeira­s.

“Se tivéssemos dinheiro [para indemnizar Peseiro], estaríamos dispostos a demiti-lo do seu cargo, não estamos satisfeito­s”, referiu o dirigente, aludindo aos maus resultados da seleção africana na fase de qualificaç­ão para o Campeonato do Mundo de 2026.

Argumentos para chegar à final não faltam a José Peseiro, a começar pelo ataque. Victor Osimhen, avançado do Nápoles e grande estrela da seleção, chegou a estar em dúvida para o jogo devido a lesão, mas, de acordo com a imprensa nigeriana, está recuperado. Na linha avançada há ainda Ademola Lookman, jogador da Atalanta, o melhor marcador das super-águias, com três golos na prova. Na seleção nigeriana há ainda três futebolist­as que atuam no Campeonato Português – o portista Zaidu e os boavisteir­os Onyemaechi e Chidozie.

A Nigéria já venceu esta competição em três ocasiões (tem presenças em finais), nas edições de 1980, 1994 e 2013. A África do Sul conquistou o troféu em 1996.

OSporting rejeita a existência de qualquer cabala no adiamento do jogo com o Famalicão, no sábado, devido à falta de policiamen­to, e que permitiu ao Benfica saltar para a liderança da I Liga à condição. Isso mesmo foi ontem confirmado por Rúben Amorim e Frederico Varandas.

“As pessoas olharam para isso e viram que foi o único jogo [da I Liga] que não existiu, quer no sábado, quer domingo. Pode causar estranheza. Eu não penso nada disso. Foi o primeiro jogo e toda a gente se preparou para os outros a seguir e foi mais fácil remediar a situação. Toda a gente ali, Famalicão, Sporting e Liga quis jogar”, disse Amorim, que até vê vantagens no adiamento: “Porque nós queremos ir atrás do primeiro lugar, mesmo com um jogo a menos. Este jogo a menos, na minha cabeça, não existe.”

Frederico Varandas é da mesma opinião. “Não entramos em cabalas da PSP, nem em teorias da conspiraçã­o mirabolant­es contra o Sporting: primeiro, porque isso não é verdade e segundo porque isso nos desrespons­abiliza, tira lucidez e tira foco à nossa missão, que é vencer. Aconteceu e até já definimos um objetivo: chegar à data desse jogo, com menos um jogo e em primeiro”, atirou.

O Sporting joga hoje (20.45, RTP1) frente à UD Leiria, nos quartos-de-final da Taça de Portugal. E Amorim deixou elogios à equipa da II Liga. “Jogam num sistema parecido com o nosso, gosto muito do treinador, os três centrais são muito bons. Vamos jogar no máximo. Queremos muito estar nas meias-finais, queremos muito ganhar a Taça de Portugal.”

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