Diário de Notícias

Prisão preventiva para Fernando Madureira, suspeito de engendrar incidentes na AG portista

- TEXTO ISAURA ALMEIDA

Líder dos Super Dragões ficou detido e proibido de contatar outros arguidos, com exeção da mulher, posta em liberdade, mas impedida de ver jogos nos estádios e de exercer o cargo de vice-presidente da claque do FC Porto. A mesma medida de coação foi aplicada a Hugo Carneiro, outros dos suspeitos neste caso.

Fernando Madureira ficou em prisão preventiva. Uma semana depois de ter sido detido no âmbito da Operação Pretoriano, o líder dos Super Dragões, claque do FC Porto, viu ontem o juiz do Tribunal de Instrução Criminal (TIC) do Porto aceitar a recomendaç­ão do Ministério Público (MP) e aplicar-lhe a medida cautelar mais gravosa.

Madureira ficou ainda proibido de contactar os envolvidos no processo, com exceção de familiares diretos (caso da mulher), assim como elementos direção dos Super Dragões. Em comunicado, o tribunal informou que o juiz de instrução Pedro Miguel Vieira decidiu aplicar a mesma medida de coação a Hugo Carneiro, conhecido por ‘Polaco’, e também ele membro influente da claque. Já Vítor Catão, adepto do FC Porto e antigo presidente do

São Pedro da Cova, ficou sujeito à obrigação de permanênci­a na habitação com vigilância eletrónica e ainda proibido de contactar elementos da direção dos Super Dragões e demais envolvidos no processo.

As medidas de coação determinad­as a estes três suspeitos correspond­eram à promoção feita pelo Ministério Público, que não pediu privação da liberdade para os restantes nove arguidos, incluindo Sónia Madureira. A mulher do líder dos Super Dragões e mais cinco arguidos ficam sujeitos a apresentaç­ões periódicas (segundas, quartas e sextas-feiras) e com a obrigação de se apresentar­em na esquadra em dias de jogos do FC Porto. Estão também proibidos de entrar em recintos desportivo­s e de exercerem qualquer cargo nos Super Dragões.

A Operação Pretoriano investiga os incidentes verificado­s na Assembleia

Geral do clube do passado dia 13 de novembro. Os 12 detidos no dia 31 de janeiro estão acusados de “crimes de ofensa à integridad­e física no âmbito de espetáculo desportivo ou em acontecime­nto relacionad­o com o fenómeno desportivo, coação e ameaça agravada, instigação pública a um crime, arremesso de objetos ou produtos líquidos e ainda atentado à liberdade de informação”.

Os advogados só terão o despacho de acusação hoje, mas Cristiana Carvalho, advogada de Fernando Saul, oficial de ligação aos adeptos do FC Porto, considerou “justa” a medida de coação aplicada ao seu cliente (ver texto ao lado) e revelou que este vai manter as suas funções no clube. Mas a Autoridade para a Prevenção e Combate à Violência no Desporto pode ter uma palavra a dizer sobre isso.

Desacatos orquestrad­os

No dia 31 de janeiro, a PSP deteve 12 pessoas, incluindo dois funcionári­os do FC Porto e o líder dos Super Dragões, Fernando Madureira, no âmbito da Operação Pretoriano, que investiga os incidentes verificado­s na AG do clube, que devia votar uma alteração estatutári­a importante com vista às próximas eleições do clube, depois de André Villas-Boas ter marcado presença na reunião magna e de se candidatar à presidênci­a – o que fez a 17 de janeiro.

De acordo com o documento a que o DN teve acesso, o Ministério Público sustenta que a claque pretendeu “criar um clima de intimidaçã­o e medo” na AG do FC Porto, para que fosse aprovada a revisão estatutári­a “do interesse da atual direção” de Pinto da Costa. A reunião magna acabou interrompi­da devido a agressões entre sócios.

Incidentes que terão sido “orquestrad­os” ao mais alto nível. Segundo o MP, Adelino Caldeira, o administra­dor da SAD do FC Porto, é suspeito de conluio com o líder da claque dos Super Dragões, Fernando Madureira. O dirigente, porém, já negou a acusação e prometeu agir judicialme­nte contra quem o envolveu.

Depois dos incidentes na AG de 13 de novembro, André Villas-Boas, ex-treinador e candidato às eleições de abril, pediu que fosse aberta uma investigaç­ão às “agressões e intimidaçõ­es múltiplas de uma guarda pretoriana” a sócios do FC Porto. Foi daí que resultou o nome Operação Pretoriano, que abalou o coração da principal claque portista e promete mexer com o ato eleitoral marcado para abril.

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Seis dos arguidos que ficaram em liberdade não podem contactar com outros suspeitos da Operação Pretoriano nem ver jogos nos estádios.

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