Diário de Notícias

QUATRO PASSOS PARA A FELICIDADE SEM SAIR MUITO DE LISBOA…

- DEPOIMENTO­S RECOLHIDOS POR Marcantoni­o del Carlo ANA CÁCERES MONTEIRO

Começar, na sexta-feira, por jantar num dos restaurant­es da capital onde a tradição ainda é o que era. Na cozinha de

O Raposo, na Rua Passos Manuel 60, as modas são as mesmas de sempre. Não há lugar para empratamen­tos de fusão ou finuras de tachos modernos. A comida é lusa, farta e obedece a um passado sempre presente. A escolha é difícil. Dos Filetes de peixe galo com arroz de amêijoas, ao Arroz de polvo (caldoso), passando pelo peixe sempre fresco acompanhad­o de verduras de uma horta que só eles conhecem, até ao melhor Naco na pedra que se pode comer por aí. As Costeletas de borrego são únicas e, neste restaurant­e, a batata frita é caseira, cortada fina, como mandam as regras, e vem sempre a escaldar. A carta de vinhos Raposiana surpreende sempre pela qualidade, embora os preços praticados pudessem ser mais simpáticos. Mas Baco é um deus caro em quase todas as casas desta Lisboa inflaciona­da de hoje.

Acabado o repasto, rumar até à Baixa de Lisboa. Viajar de metro, para não encher balões indesejado­s, e desembarca­r ali nas traseiras do Teatro Nacional D. Maria II. Na Ginjinha do Largo de S. Domingos começar a digerir o jantar. Com os mesmos comensais, amigos de longa data, dissertar sobre as eleições que aí vêm, as guerras que proliferam no mundo e por que é que o clube do coração ainda não ganhou um jogo este ano. De seguida subir até ao Bairro Alto e mergulhar na multidão sem apelo, nem agravo. Continuar a beber vinho no Bar Artis, e acabar com a conversa iniciada ao pé da casa do Almeida Garret.

No sábado, se a noite tiver sido amena, pegar na mota e deambular pela Marginal até ao Guincho. Parar, se o sol estiver a pique e o vento de feição. Desmontar, guardar o capacete e passear pelo areal sem grandes pensamento­s de futuro, que é sempre incerto. Mais vale aproveitar um dia de cada vez. Almoçar alguns quilómetro­s depois no restaurant­e da Praia da Adraga, onde se come o melhor peixe grelhado deste mundo e o outro.

Pernoitar, no regresso, no Hotel Vila Galé Collection Palácio dos Arcos.

Aqui, rodeados de poesia, beber um Porto Vale Moreira 10 Anos, enquanto puxamos por uma das últimas obras do José Luís Peixoto, Onde. Nos fones, colocados para a leitura, ouvimos faixas intermináv­eis de Chet Baker e aguçamos o apetite para um belo Bife à portuguesa, em que o louro e o alho dão vida à alma, acompanhad­o pelo Grande Reserva Tinto Santa Vitória. Tudo isto no restaurant­e do hotel, que tem uma vista incrível sobre o mar. De seguida, adormecer com a janela aberta a ouvir o som das ondas que rebentam na muralha. Adormecer cedo para no domingo ir passear com a minha filha o dia inteiro entre o Jardim da Estrela e o parque da Jardim da Parada, em Campo de Ourique.

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