Sindicato dos polícias vai processar Costa e Carneiro
Em causa está a interpretação abusiva das declarações de Armando Ferreira sobre um alegado boicote das forças policiais às eleições legislativas.
OSindicato Nacional da Polícia (Sinapol) vai avançar com uma queixa-crime contra as “declarações caluniosas” do ministro da Administração Interna , José Luís Carneiro, e do primeiro-ministro, António Costa, pela interpretação que fizeram de um alegado boicote das forças policiais às legislativas de março e por associarem o presidente do Sinapol, Armando Ferreira, a movimentos extremistas.
A queixa abrange ainda vários comentadores, cujos nomes não foram revelados, por “falsidade de ameaça”, após José Luís Carneiro ter pedido que o IGAI abrisse um inquérito às declarações do dirigente sindical relativas à atividade da PSP no contexto dos próximos atos eleitorais, nomeadamente a possibilidade de estar em causa o transporte de urnas de votos.
“Dizer que o presidente [Armando Ferreira] ameaçou boicotar as eleições é calunioso”, afirmou o advogado, referindo que o sindicalista apenas quis alertar para o risco de falta de policiamento a 10 de março.
“O presidente do sindicato e o SINAPOL têm sido apedrejados na praça pública. Em nenhum momento [o presidente do sindicato] incentivou ou amparou algum movimento extremista. Não há ameaça absolutamente nenhuma”, prosseguiu, considerando que o ministro da Admnistração Interna “atirou a primeira pedra ao pretender “escrutinar, sindicar as palavras do presidente”.
O advogado do SINAPOL considerou ainda que as declarações de José Luís Carneiro colocam em causa o “direito de liberdade de expressão”, denunciando uma “violação da independência da autonomia sindical”.
Alexandre Zagalo referiu que o sindicato tem seis meses para avançar com a queixa-crime, e admitiu que tal possa não acontecer se houver “uma retratação” de quem proferiu as declarações que o sindicato considera caluniosas. E admitiu ainda a possibilidade de o sindicato avançar com uma ação separada contra o inquérito instaurado na IGAI.
Esta polémica rebentou no sábado, numa entrevista de Armando Ferreira à SIC Notícias, quando afirmou que os problemas de falta de policiamento poderiam não ser apenas nos jogos de futebol. “Temo que se calhar o senhor primeiro-ministro não vai ficar em funções só até ao dia 10 de março. Quem transporta os boletins e urnas de voto são as forças de segurança e, se acontecer nesse dia algo semelhante, as coisas podem ganhar uma dimensão maior”, referiu na altura.