Diário de Notícias

Guiné a ferro e fogo, mas está tudo bem...

- TEXTO MANUEL CATARINO

Spínola abandonara a Guiné no verão anterior na dupla condição de governador e de comandante-chefe. Susteve uma feroz ofensiva lançada em janeiro pelo PAIGC e equilibrou a sorte da guerra –, mas sabia, como poucos, que era uma questão de tempo até à derrota militar total. Tentou , entre 1968 e 1973, uma solução política. Debalde. O regime cortou-lhe as vazas. Não quis ser reconduzid­o.

Avançou para a Guiné o general Bettencour­t Rodrigues. A situação militar, entretanto, não deixava de piorar. A capacidade militar do PAIGC crescia. A derrota militar total era previsível –, mas, segundo as notícias oficiais, como a do DN de há 50 anos, respirava-se confiança na colónia: “A bandeira portuguesa continua hasteada na Guiné ao contrário do que pretende fazer crer a propaganda dos terrorista­s.”

O Movimento dos Capitães conspirava em reuniões clandestin­as. O golpe estava em marcha – imparável!

A ação dos capitães foi fortemente influencia­da por Spínola. A sua política na Guiné – Por uma Guiné Melhor – e o seu conceito de manobra assente na conquista das populações, abriu uma perspetiva diferente para a resolução da guerra. O que incluía as tentativas que fez, e que eram do conhecimen­to dos militares, de contacto com o líder do PAIGC, Amílcar Cabral. Tal comportame­nto do general Spínola tornou a Guiné um território onde era possível discutir soluções alternativ­as para a guerra – e onde se podia discutir as opções do Governo e a sua política, como o general fazia.

Os discursos e as diretivas operaciona­is de Spínola, onde ele explicava as suas opções, constituía­m lições de aprendizag­em política, para os que necessitav­am delas, e de estímulo para os outros. Havia, na Guiné, entre os militares, a noção de que Spínola estava contra o Governo. Conspirava-se na colónia, com a bênção do governador e comandante-chefe.

Havia entre os militares a ideia de que Spínola era diferente dos outros generais. Sabia-se, por esta altura, que o seu livro – Portugal e o Futuro – estava prestes a ser publicado e era uma alternativ­a às políticas do Governo de Marcello Caetano.

Teria sido muito difícil fazer o 25 de Abril contra Spínola, porque ele teria capacidade para neutraliza­r qualquer tentativa.

 ?? ?? TURISMO As obras em curso tinham como objetivo melhorar o abastecime­nto público de água em Albufeira, Silves, Portimão e Lagos. O ministro também visitou a Quinta do Lago – onde estava a ser construído um empreendim­ento turístico – e a Marina de Vilamoura.
TURISMO As obras em curso tinham como objetivo melhorar o abastecime­nto público de água em Albufeira, Silves, Portimão e Lagos. O ministro também visitou a Quinta do Lago – onde estava a ser construído um empreendim­ento turístico – e a Marina de Vilamoura.

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