PS não viabiliza o Governo nos Açores e Chega quer “fazer parte da solução”
O presidente do Governo dos Açores, José Manuel Bolieiro, terá de liderar um Executivo minoritário ou aceitar acordo com o Chega.
OPS-Açores assumiu ontem que vai votar contra o Programa do Governo da coligação entre PSD, CDS e PPM, que venceram as últimas eleições regionais, mas não com votos suficientes para formar uma maioria absoluta. Por outro lado, por parte do Chega, tanto o líder regional, José Pacheco, como o nacional, André Ventura, afirmaram que o partido está disponível para dar luz verde ao Governo dos Açores, desde que haja uma convergência.
“Um entendimento, uma espécie de documento conjunto de Governo, que permita definir as grandes áreas de intervenção do Executivo”, disse André Ventura, referindo-se à forma como o líder do PDS-Açores, José Manuel Bolieiro poderia dar origem a um Governo de direita, em que o Chega faça parte da solução.
A mesma ideia foi transmitida por José Pacheco, que foi mais direto na mensagem de querer integrar o Governo. “A condição que impomos, a primeira de todas, é fazermos parte do Governo. Tão simples quanto isso”, disse José Pacheco.
Por parte do líder regional do PS, Vasco Cordeiro, a posição também foi muito clara, mas no sentido oposto. “A decisão do PS-Açores sobre a votação do Programa do XIV Governo Regional e a orientação de sentido de voto que a esse propósito será transmitida ao grupo parlamentar do PS na Assembleia Legislativa
da região é a de voto contra”, assumiu Vasco Cordeiro.
“Há política nacional a mais e Açores a menos na gestão que a coligação PSD/CDS-PP/PPM e Chega estão a fazer da situação resultante das eleições de 4 de fevereiro. Também por isso há a necessidade de tornar clara a posição política que o PS-Açoresassume face ao Programa do XIV Governo Regional, porque fazê-lo já é um sinal claro de respeito pela autonomia dos Açores, mas, não menos importante, a reafirmação evidente da autonomia de decisão do PS-Açores”, defendeu o líder socialista dos Açores.
“Neste momento temos o PS a dizer que não vai estar nessa solução e o PSD devia aprender com isso, porque o que aconteceu nos Açores, provavelmente, poderia acontecer a nível nacional”, disse André Ventura, questionando também se o PSD quer uma convergência e estabilidade ou “se prefere arriscar a instabilidade”.
Com a direita a definir-se, o PS também teve a coordenadora do Bloco de Esquerda, Mariana Mortágua, a pedir uma posição que poderá ter implicações a nível nacional. “Eu acho importante que o PS se tenha definido face à direita e à possibilidade de um Governo minoritário de direita nos Açores. Agora é importante também que o PS se definisse relativamente à maioria que é preciso com a esquerda”, afirmou Mariana Mortágua.
Vasco Cordeiro assumiu ontem o voto contra o Governo açoriano.