Abbas acusa Netanyahu de querer expulsar palestinianos com plano para evacuar Rafah
Primeiro-ministro israelita alega que é impossível derrotar o Hamas deixando quatro batalhões na cidade junto à fronteira com o Egito.
Oprimeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, deu ordens às Forças de Defesa de Israel para preparem um plano para evacuar Rafah, a cidade junto à fronteira com o Egito que é o último refúgio de 1,4 milhões de deslocados palestinianos. O líder da Autoridade Palestiniana, Mahmud Abbas, avisou que o objetivo de Netanyahu é expulsar os palestinianos da sua terra e que, desta forma, “cruza todas as linhas vermelhas”.
O líder do Governo israelita alega que será impossível derrotar o Hamas, um dos objetivos da operação militar que lançou logo a 7 de outubro após o ataque que diz ter matado quase 1200 pessoas, sem destruir as forças do grupo terrorista nesta cidade. “É impossível atingir o objetivo de guerra de eliminar o Hamas e deixar quatro batalhões em Rafah”, indicou Netanyahu, segundo um comunicado do seu gabinete.
Netanyahu quer um plano duplo, que preveja a retirada dos civis e o desmantelamento desses batalhões do Hamas. “É evidente que uma operação de grande envergadura em Rafah exige a retirada da população civil das zonas de combate”, segundo o comunicado oficial.
O primeiro-ministro já tinha deixado claro, no dia em que rejeitou a proposta de cessar-fogo e libertação de reféns do grupo terrorista palestiniano, que tinha dado luz verde para os militares se focarem em Rafah.
“Chegou a hora de todos assumirem a responsabilidade e enfrentar a criação de outra Nakba, que empurrará toda a região para guerras sem fim”, indicou, por seu lado, Mahmud Abbas. O líder da Autoridade Palestiniana usou a palavra árabe que significa “catástrofe” ou “desastre” e é usada para referir o êxodo dos palestinianos de 1948, quando, durante a guerra, mais de 700 mil foram expulsos das suas casas para permitir a criação do Estado de Israel.
Desde o início da operação militar, os israelitas têm ordenado aos palestinianos que fujam para sul – primeiro deviam deixar o norte (a zona mais populosa) e cruzar o Rio Gaza. Muitos fugiram para Khan Yunis, mas quando as tropas iniciaram as operações terrestres nessa área, fugiram de novo para Rafah. Cerca de 1,4 milhões concentram-se na cidade, sem outro local para onde ir – o Egito e outros países árabes recusam abrir as suas portas, dizendo não querer que os palestinianos percam o direito à sua terra.
“Há um sentimento de ansiedade e de pânico crescente em Rafah, porque as pessoas não fazem ideia para onde ir”, disse o líder da agência da ONU para os Refugiados Palestinianos, Philippe Lazzarini. Já o secretário-geral do Conselho de Refugiados Norueguês, Jan Egeland, avisou que “nenhuma guerra pode ser autorizada num campo de refugiados gigante”, temendo um “banho de sangue”.
Papagaios de papel voam sobre o campo de refugiados de Rafah.