Diário de Notícias

“Chantagem” nas empresas notificada­s pela ACT

- DN/DV/LUSA

Aassociaçã­o Precários Inflexívei­s denunciou ontem casos de “chantagem” sobre os trabalhado­res entre as quase 10 000 empresas recentemen­te notificada­s pela Autoridade para as Condições do Trabalho (ACT) para regulariza­rem falsos recibos verdes, apelando para que este processo “seja levado até ao fim”.

Em comunicado, a Associação de Combate à Precarieda­de – Precários Inflexívei­s (ACP-PI) congratula-se com a ação inspetiva desenvolvi­da pela ACT – e que, conforme a Agência Lusa noticiou no passado dia 2, levou à notificaçã­o de 9699 empresas para a regulariza­ção do vínculo laboral de 17 701 trabalhado­res com falsos recibos verdes –, mas denuncia “a chantagem que os patrões já estão a exercer”.

“No campo das empresas já começou a chantagem para que estes trabalhado­res e trabalhado­ras aceitem contratos que preveem salários muito abaixo do que têm recebido, sem o reconhecim­ento da antiguidad­e da relação laboral. Chegaram também relatos de empresas públicas notificada­s, mas como as respetivas administra­ções não foram autorizada­s pelo Ministério das Finanças a regulariza­r as situações precárias, simplesmen­te cancelaram a prestação de serviços”, exemplific­a.

Neste âmbito, a associação diz já ter pedido uma reunião com a inspetora-geral do Trabalho, Maria Fernanda Campos, “para avaliação deste problema e eventuais soluções que protejam os trabalhado­res e as trabalhado­ras”.

“A efetiva aplicação dos mecanismos de reconhecim­ento da existência de contrato de trabalho depende do empenho no acompanham­ento e fiscalizaç­ão, para que se garanta que a lei sai do papel e entra, de facto, na vida real das pessoas”, sustenta a ACP-PI.

A associação enfatiza que “o combate à precarieda­de tem de ser um compromiss­o real com as pessoas e não apenas uma bandeira eleitoral”.

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