Diário de Notícias

Europeus criticam Trump e ideia de NATO

Ex-presidente, favorito à nomeação republican­a, disse que não iria em apoio de um aliado que não gaste 2% do PIB em Defesa.

- TEXTO SUSANA SALVADOR

Tusk com Macron em Paris citou

V “amos ser sérios. A NATO não pode ser uma aliança à la carte. Ou existe ou não existe. Não vou perder o meu tempo a comentar cada ideia tonta que surgir nesta campanha eleitoral nos EUA”. As declaraçõe­s do chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell, resumem as reações, umas mais sarcástica­s do que outras, às declaraçõe­s do ex-presidente norte-americano. Donald Trump sugeriu, no fim de semana, que não iria em apoio de um aliado “delinquent­e” que não contribua com 2% do seu PIB para o orçamento da Defesa e que até encorajari­a a Rússia a atacar.

As declaraçõe­s de Trump foram feitas no sábado, num comício na Carolina do Sul, tendo a Casa Branca respondido já no domingo. O presidente Joe Biden considerou “terrível e perigosa” a admissão de Trump de que daria “luz verde”à Rússia para mais “guerra e violência”. Também o secretário-geral da NATO, Jens Stoltenber­g, lembrou que “qualquer sugestão de que os aliados não se vão defender uns aos outros mina toda a nossa segurança, incluindo a dos EUA”.

Borrell reagiu aos comentário­s ontem, em Bruxelas, à entrada para uma reunião de ministros com a pasta do desenvolvi­mento. “A NATO não pode ser uma aliança militar à la carte, não pode ser uma aliança militar dependente de

“Um por todos e todos por um.” como o presidente dos EUA está a cada dia. Sim, não, amanhã isto, depois aquilo”, insistiu após ser questionad­o pelos jornalista­s. O chefe da diplomacia britânica, David Cameron, foi mais contido, dizendo na Escócia que Trump não tem “uma abordagem sensata”.

Já a presidente do Parlamento Europeu, Roberta Metsola, advertiu para o perigo das declaraçõe­s de Trump. “Somos suficiente­mente fortes para nos defendermo­s uns aos outros e temos de reconhecer o perigo de qualquer declaração deste tipo”, indicou, na Estónia. “Penso que o que disse o candidato presidenci­al dos EUA talvez seja algo que desperte alguns dos aliados que não têm feito muito. Espero que todos nós façamos mais para sermos coletivame­nte mais fortes, juntos”, acrescento­u. Nesta altura, só 11 dos 31 países gastam 2% do seu PIB em Defesa, sendo que esta é uma meta, não uma obrigação.

O primeiro-ministro polaco, Donald Tusk, de visita a Paris, optou por citar Os Três Mosqueteir­os, de Alexandre Dumas, dizendo que a NATO não deve abdicar da ideia de “um por todos e todos por um”. A Polónia é, atualmente, o país da NATO que mais gasta em percentage­m do PIB (3,9%).Tusk esteve reunido com o presidente francês, Emmanuel Macron, que no passado também criticou a NATO e defendeu numa aliança de defesa europeia. “Não há alternativ­a à União Europeia, NATO, cooperação transatlân­tica”, disseram na declaração conjunta. “A UE, a França e a Polónia devem tornar-se fortes e estar preparadas para defender as suas próprias fronteiras e defender e apoiar os aliados e amigos de fora da União.”

Tusk seguiu depois para a Alemanha, onde o chanceler alemão, Olaf Scholz, disse ser “irresponsá­vel e perigoso” relativiza­r a cláusula de defesa mútua da NATO.

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Os Três Mosqueteir­os:

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