Europeus criticam Trump e ideia de NATO
Ex-presidente, favorito à nomeação republicana, disse que não iria em apoio de um aliado que não gaste 2% do PIB em Defesa.
Tusk com Macron em Paris citou
V “amos ser sérios. A NATO não pode ser uma aliança à la carte. Ou existe ou não existe. Não vou perder o meu tempo a comentar cada ideia tonta que surgir nesta campanha eleitoral nos EUA”. As declarações do chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell, resumem as reações, umas mais sarcásticas do que outras, às declarações do ex-presidente norte-americano. Donald Trump sugeriu, no fim de semana, que não iria em apoio de um aliado “delinquente” que não contribua com 2% do seu PIB para o orçamento da Defesa e que até encorajaria a Rússia a atacar.
As declarações de Trump foram feitas no sábado, num comício na Carolina do Sul, tendo a Casa Branca respondido já no domingo. O presidente Joe Biden considerou “terrível e perigosa” a admissão de Trump de que daria “luz verde”à Rússia para mais “guerra e violência”. Também o secretário-geral da NATO, Jens Stoltenberg, lembrou que “qualquer sugestão de que os aliados não se vão defender uns aos outros mina toda a nossa segurança, incluindo a dos EUA”.
Borrell reagiu aos comentários ontem, em Bruxelas, à entrada para uma reunião de ministros com a pasta do desenvolvimento. “A NATO não pode ser uma aliança militar à la carte, não pode ser uma aliança militar dependente de
“Um por todos e todos por um.” como o presidente dos EUA está a cada dia. Sim, não, amanhã isto, depois aquilo”, insistiu após ser questionado pelos jornalistas. O chefe da diplomacia britânica, David Cameron, foi mais contido, dizendo na Escócia que Trump não tem “uma abordagem sensata”.
Já a presidente do Parlamento Europeu, Roberta Metsola, advertiu para o perigo das declarações de Trump. “Somos suficientemente fortes para nos defendermos uns aos outros e temos de reconhecer o perigo de qualquer declaração deste tipo”, indicou, na Estónia. “Penso que o que disse o candidato presidencial dos EUA talvez seja algo que desperte alguns dos aliados que não têm feito muito. Espero que todos nós façamos mais para sermos coletivamente mais fortes, juntos”, acrescentou. Nesta altura, só 11 dos 31 países gastam 2% do seu PIB em Defesa, sendo que esta é uma meta, não uma obrigação.
O primeiro-ministro polaco, Donald Tusk, de visita a Paris, optou por citar Os Três Mosqueteiros, de Alexandre Dumas, dizendo que a NATO não deve abdicar da ideia de “um por todos e todos por um”. A Polónia é, atualmente, o país da NATO que mais gasta em percentagem do PIB (3,9%).Tusk esteve reunido com o presidente francês, Emmanuel Macron, que no passado também criticou a NATO e defendeu numa aliança de defesa europeia. “Não há alternativa à União Europeia, NATO, cooperação transatlântica”, disseram na declaração conjunta. “A UE, a França e a Polónia devem tornar-se fortes e estar preparadas para defender as suas próprias fronteiras e defender e apoiar os aliados e amigos de fora da União.”
Tusk seguiu depois para a Alemanha, onde o chanceler alemão, Olaf Scholz, disse ser “irresponsável e perigoso” relativizar a cláusula de defesa mútua da NATO.