Bancos querem ficar fora da campanha
Os banqueiros recusam que os lucros históricos da banca em 2023 se tornem tema eleitoral, contrapondo que são resultados que dificilmente se repetem e que o setor dá o seu contributo à sociedade com os impostos que paga.
Nos cinco grandes bancos, os resultados já apresentados permitem antever um 2023 histórico, ultrapassando-se mesmo o recorde de lucros de 2007 (CGD, BCP, BES, Santander e BPI lucraram quase 2 900 milhões de euros).
O tom tem sido de grande satisfação, mas também de cuidado e até desvalorização dos resultados, avisando de que o próximo ano não será de tantos lucros. Num artigo no Público, o presidente da Associação Portuguesa de Bancos, Vítor Bento, avisou: “Interferir administrativamente (ou fiscal- mente) sobre a rendibilidade transitória, mas totalmente diluída numa perspetiva alargada, será não só contraproducente, mas também agressivo dos interesses das empresas e das famílias que dependem de uma banca sólida e rentável para as apoiar”.
Já o presidente do Santander Totta, Pedro Castro e Almeida, salientou que o banco “deve ser a empresa privada que mais IRC paga em Portugal” (431 milhões em 2023). Questionado sobre se essa afirmação não seria um aviso aos partidos disse que o banco “não dá respostas políticas”. Porém, deixou o recado: novos encargos significa “menos crédito com que ajudar a economia”.
Para o presidente do BPI, João Pedro Oliveira e Costa, “denota ideologia” a pergunta sobre a perceção pública dos lucros da banca. Recusou ainda Oliveira e Costa a “diabolização do banqueiro”, afirmou que a função social do seu banco fica demonstrada quando, apesar da dificuldades sentidas por famílias, não ficou com casas de clientes por incumprimento pois renegociou contratos.