Diário de Notícias

Indonésios escolhem como presidente Prabowo, “fofinho” violador de direitos humanos

Resultados preliminar­es atribuem vitória à primeira volta de comandante da era Suharto.

- TEXTO CÉSAR AVÓ

Prabowo Subianto dançou perante os seus apoiantes.

Acomissão eleitoral da Indonésia irá divulgar os resultados oficiais do escrutínio quíntuplo que decorreu na quarta-feira, mas os resultados preliminar­es apontam para a vitória nas presidenci­ais, na primeira volta, da dupla Prabowo Subianto e Gibran Rakabuming Raka, respetivam­ente o atual ministro da Defesa e o autarca e filho do presidente cessante, Joko Widodo. Acusado de crimes por associaçõe­s de direitos humanos enquanto militar ao serviço da ditadura de Suharto – mas nunca julgado –, Prabowo prometeu que será o chefe de Estado de todos os indonésios. O discurso inclusivo não convenceu a Amnistia Internacio­nal. “Temos de nos preparar para o enfraqueci­mento do espaço cívico. Temos de estar preparados para o declínio da democracia indonésia”, disse Usman Hamid, diretor em Jacarta daquela ONG.

A declaração de vitória deu-se depois de contagens não oficiais efetuadas por empresas de sondagens terem atribuído a Subianto uma percentage­m entre 57 e 59% dos votos quando mais de 80% dos boletins estavam contados nas assembleia­s de voto que foram objeto de amostragem. O número de assembleia­s usadas para a contagem não foi divulgado, mas será representa­tivo das 820 mil assembleia­s espalhadas pelo arquipélag­o.

“Todas as contagens, todas as sondagens à boca de urna mostraram números que indicam que Prabowo-Gibran ganhou à primeira volta. Esta vitória deve ser uma vitória para todos os indonésios”, afirmou Prabowo, que se dirigiu aos apoiantes num pavilhão em Jacarta.

Alavancado pelo apoio do popular presidente Widodo, que inclui a candidatur­a do filho a vice, Subianto dirigiu-se em especial aos jovens, mais de metade dos 205 milhões de eleitores, durante a campanha. Nas redes sociais, o septuagená­rio que perdeu as duas eleições anteriores e que esteve proibido de entrar nos EUA durante duas décadas devido ao seu currículo de comandante das forças especiais ligadas a torturas e raptos na Indonésia e massacres em Timor-Leste, viu a sua imagem ser lavada ao ponto de ser tratado como um “avô fofinho”. O homem expulso das forças armadas em 1998 não esqueceu os jovens no discurso de vitória e prometeu criar 20 milhões de empregos nos próximos cinco anos. No final, dançou em palco, numa alusão à sua imagem no TikTok.

Os outros dois candidatos não admitiram a derrota e representa­ntes de ambas as campanhas alegaram ter havido casos de fraude.

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