Um telefone que está quase no ponto perfeito
É difícil encontrar o que não gostar no novo Redmi Note 13 Pro+ (5G) da Xiaomi, a mais recente entrada no portefólio de smartphones do fabricante chinês para o segmento médio-alto. Mesmo assim há um ou outro detalhe que, num mundo ideal, gostaríamos de ve
Desde o momento em que se tira da caixa, o Redmi Note 13 Pro+ (5G) impressiona. O aparelho não apenas tem um aspeto sólido como é luxuoso à vista e, especialmente, ao toque.
Nada faz parecer que estamos perante um aparelho que custa, preço tabela, 500 euros. Pelo contrário. O corpo em vidro de dois tons, com a zona das câmaras mais brilhante, resulta de tal forma bem – especialmente na versão em branco, que testámos durante cerca de uma semana – que é mesmo uma pena acabar por ser inevitavelmente tapado por uma capa protetora.
O ecrã prolonga-se, com laterais arredondadas, até às extremidades do aparelho, contribuindo para o aspeto “topo de gama” do telefone. Aliás, este tipo de design tem sido atualmente abandonado pelos fabricantes nos seus aparelhos de topo, estando todos a apostar em modelos mais “caixa”, sendo por isso este Redmi (a linha “média” e média-alta da Xiaomi) uma certa lufada de ar fresco.
Retenhamo-nos neste ecrã por algum tempo, que merece.
O AMOLED de 6,67 polegadas, com uma resolução de 2712×1220 píxeis e uma taxa de refrescamento variável entre 60 e 120Hz está entre os melhores que se encontram no segmento. Sim, há alguns modelos que oferecem um pouco mais de resolução, mas o nível de brilho, aqui, é sem dúvida excecional – anuncia um máximo de 1800 nits –, sendo o resultado cores vivas e delays impercetíveis. Este é, sem dúvida, um dos grandes trunfos do aparelho.
Já que falamos em virtudes, mencionemos a outra grande vantagem deste telemóvel: a grande autonomia e o carregamento ultrarrápido. O Redmi Note 13 Pro+ (5G) – já agora, ó senhores da Xiaomi, não podiam ter-lhe dado um nome mais user friendly? – tem uma bateria de 5000mAh que, desde que o telefone seja usado exclusivamente para mensagens, algumas chamadas e consultar e-mails, chega a durar quase dois dias (!). E quando é preciso dar-lhe energia, vem incluído um carregador de 120 watts que leva o aparelho de 0 a 70% em cerca de 15 minutos.
Aliás, é de elogiar a insistência da Xiaomi em continuar a incluir com os seus telemóveis carregadores rápidos, capazes de tirar partido desta característica instalada nos seus telefones. É pena que a maioria das restantes marcas não faça o mesmo.
Em parte, a boa autonomia é conseguida pela eficiência do processador MediaTek Dimensity 7200 Ultra que, não sendo exatamente o “melhor do segmento” – de acordo com os benchmarks dos sites especializados –, é extremamente competente, mesmo a correr alguns jogos, segundo pudemos constatar – notámos apenas que o telefone aquece um pouco com o “esforço”.
Câmaras bem acima da média, mas...
Para a câmara principal, a Xiaomi instalou neste Redmi um sensor de 200 megapíxeis (MP), já conhecido de outros modelos. O software é, depois, capaz de combinar clusters de sensores de luz do chip, de forma a tirar fotos com uma resolução de 12,5MP – que é a opção por defeito. Existe a opção de captar imagens a 200MP, mas o resultado, na prática, não compensa o “peso” (em gigabytes) da foto resultante.
As fotos, especialmente as diurnas, são de boa qualidade com uma profundidade de campo que surpreende para um telemóvel deste preço. As cores são vivas – muito vivas. Possivelmente, muita gente gostará (à primeira vista) do resultado, uma vez que é o tipo de imagem a que, hoje em dia, muitos fabricantes de televisores habituaram os seus clientes. Só há um pequeno problema: a realidade não tem aquelas cores – só nas redes sociais o mundo é assim...
Uma coisa é certa: este Redmi poupará o trabalho a muita gente de ir “acertar níveis” antes de “postar” as suas criações. Infelizmente.
Já as fotos noturnas são bem melhores do que o preço do aparelho faria adivinhar. Embora osoftware incluído para “melhorar” as fotos em condições de baixa luminosidade esteja ainda longe do que a Google é capaz de fazer com os algoritmos de que inclui nos Pixel.
De resto, as restantes objetivas são uma ultrapanorâmica de 8MP e uma macro de 2MP, ambas, francamente, de pouca utilidade.
Já para selfies está disponível uma bem capaz câmara de 16MP que não será ela, com certeza, a responsável por um menos bom post no Instagram.
Num mundo perfeito...
Há, de facto, muito pouco a não gostar neste aparelho, em especial a nível de hardware. É bem visível (e palpável) como a Xiaomi quis encaixar nesta caixinha bonita de 161,4x74,2x 8,9mm a melhor tecnologia possível dentro do preço de 500 euros – 8GB de RAM, 256 de armazenamento (mais 100 para a versão com o dobro das memórias). Tivesse o telefone outro software e estaríamos a recomendá-lo sem qualquer hesitação.
E no entanto... O (copy-paste,o nome do telefone é demasiado complicado!) Redmi Note 13 Pro+ (5G) vem com o mais recente sistema operativo Xiaomi, o MIUI 14, que é baseado em Android 13 em vez de já utilizar o atual Android 14. Sim, o aparelho irá receber, futuramente o novo MIUI 15 – que passará a chamar-se HyperOS –, mas ainda não há data anunciada.
Não é expectável, no entanto, que essa nova versão seja, em termos de experiência de utilização, muito diferente da atual. E esse é um dos pontos fracos do sistema desenvolvido pela Xiaomi. Ainda que seja possível instalar um launcher (programa iniciador) personalizado para mudar completamente o rosto do telemóvel – continuamos a ser grandes apreciadores do “velhinho” launcher da Microsoft para Android –, tudo o mais não nos é muito agradável. Em especial porque estamos demasiado habituados a funcionar (há muitos anos) com Androids “puros”, sem qualquer skin de outro fabricante.
Depois há a quantidade de apps desnecessárias a pular por todos os lados... Só o Centro de Jogos com notificações a toda a hora foi capaz de nos levar a uma crise de nervos.
Fosse possível encomendar este Redmi com Android a “sério” e sem apps desnecessárias (bloatware), e era este, provavelmente, o melhor smartphone do segmento. Sendo assim, continua a sê-lo... desde que se tenha paciência para desinstalar tudo o que não é preciso, personalizar ao máximo o que se puder e fazer por esquecer o que não for possível mudar.
MARIA CRISTINA FERREIRA MONTERROSO CARNEIRO DE MELO GOUVEIA