A importância da educação artística
É “s melhor a Português ou a Matemática?”, pergunta-se com frequência às crianças. Quando se fala sobre “boas notas”, o que tendencialmente valorizamos são as que os nossos filhos, netos ou sobrinhos conseguem alcançar nas matérias que consideramos “sérias”, as chamadas disciplinas do tronco comum, cuja importância é indiscutível. Mas, e a educação artística? Pintar, cantar, dançar, as manualidades devem ser vistas e tratadas como hobbies? Pelo contrário! Desempenham um papel crucial no desenvolvimento, já que, muito além de serem meras habilidades ou talentos, nutrem a criatividade, são formas de expressão e desenvolvem a capacidade de apreciação estética, de nos deslumbrarmos com o belo. Ao promovermos o ensino de disciplinas como Música, Artes Visuais, Teatro, Canto e Dança, proporcionamos aos alunos um ambiente onde eles podem explorar, experimentar e descobrir novas formas de pensar e de sentir. Estas irão converter-se em soft skills, as habilidades interpessoais, tão ou mais valorizadas atualmente no mundo empresarial do que as capacidades técnicas. São elas que moldam as relações no ambiente de trabalho e as posturas profissionais, estando intrinsecamente ligadas às capacidades emocionais e sociais.
A educação artística não deve ser encarada como um mero complemento do currículo escolar, já que contribui para o desenvolvimento destas competências práticas, relacionadas com o pensamento crítico, a resolução de problemas e o espírito de equipa. É através das artes que as crianças e os jovens podem aprender a comunicar de forma mais criativa e a aceitar pontos de vista e realidades que não as suas. E isso é fundamental para a construção de uma sociedade mais empática e tolerante, em que as diferenças são não só aceites, mas celebradas e valorizadas.
Num mundo dominado pela tecnologia, educar para as artes torna-se ainda mais relevante, pois estimula a imaginação, a adaptabilidade e a capacidade de inovação, ferramentas essenciais para o sucesso, ao preparem para os desafios de uma sociedade em constante evolução.
Após uma semana de debates e deliberações, a Conferência Mundial sobre Cultura e Educação Artística, promovida pela UNESCO, encerrou as suas atividades ontem, dia 15 de fevereiro.
O evento, que reuniu ministros da Cultura e da Educação de todo o mundo, teve como principal objetivo promover a adoção do Quadro de Abu Dhabi para a Cultura e a Educação Artística, uma iniciativa destinada a integrar a dimensão cultural nos sistemas educativos globais.
Durante a conferência, ficou evidente a necessidade de os Estados-membros da UNESCO definirem estratégias e políticas integradas para incorporar a cultura e as artes nos currículos educacionais. Este imperativo foi identificado no processo preparatório, que culminou na elaboração do Quadro, baseado no Roteiro para a Educação Artística e na Agenda de Seul – Metas para a Educação Artística. Este resultou de um processo que contou com as contribuições de uma ampla gama de partes interessadas. No entanto, apesar dos esforços empreendidos, o Quadro ainda não foi oficialmente adotado.
Ao longo dos debates da Conferência Mundial sobre Cultura e Educação Artística foram identificados os diversos desafios enfrentados pelos sistemas educativos mundiais, desde a falta de financiamento adequado para programas culturais e artísticos até a escassez de formação de professores nessas áreas.
Nesse contexto, a importância de investir na criação de competências através da cultura e das artes foi sublinhada como uma resposta essencial a dar às necessidades do mundo atual.
O encontro proporcionou um espaço vital para ministros da Cultura e da Educação, agências relevantes da ONU, organizações intergovernamentais, redes e parceiros da UNESCO no campo da cultura e da educação, partilharem as suas práticas e algumas ideias inovadoras foram postas em cima da mesa. Mas, principalmente, possibilitou o estabelecimento de uma aliança global para a promoção da cultura e da educação artística, ao instar os Estados-membros da UNESCO a assumirem um compromisso com a integração da cultura e das artes nos seus sistemas educativos. As sementes foram lançadas. Esperam-se agora os bons frutos.
Pintar, cantar, dançar e as manualidades devem ser vistas e tratadas como hobbies? Pelo contrário! Num mundo dominado pela tecnologia, educar para as artes torna-se ainda mais relevante, pois estimula a imaginação, a adaptabilidade e a capacidade de inovação, ferramentas que preparam para os desafios de uma sociedade cada vez mais complexa.