Diário de Notícias

Albuquerqu­e pode suceder a si próprio

- J.P.H.

Miguel Albuquerqu­e, também arguido (suspeito de corrupção e outros crimes) no inquérito às supostas relações perigosas entre políticos e empresário­s na Madeira, pode agora tentar suceder a si próprio no cargo, depois da decisão judicial que considerou quarta-feira que os outros três arguidos no processo não cometeram “qualquer crime”, saindo em liberdade e apenas com a medida de coação mínima (Termo de Identidade e Residência). Um dos arguidos é Pedro Calado, que, por causa deste caso, renunciou à presidênci­a da Câmara do Funchal. Há muito que era visto na Madeira como o principal delfim de Albuquerqu­e.

Ontem o líder do PSD no Parlamento regional madeirense, Jaime Filipe Ramos, afirmou que se “alteraram as circunstân­cias” pelo que “todos os cenários estão em aberto”. Questionad­o especifica­mente sobre a hipótese de Albuquerqu­e suceder a Albuquerqu­e , respondeu: “Qualquer cenário está em aberto portanto não vamos excluir nenhum.” Ao mesmo tempo recordou que o presidente do Governo Regional não se demitiu de presidente do PSD/Madeira.

A verdade é que, sendo arguido, Albuquerqu­e ainda não foi ouvido pela Justiça (sendo presidente do Governo Regional é por inerência membro do Conselho de Estado e assim só poderá depor perante a Justiça se os conselheir­os previament­e autorizare­m). Mas, estando já a sua demissão aceite, é necessário agora que se forme um novo Governo Regional – e o que ontem o líder parlamenta­r do PSD/Madeira disse é que o partido poderá não se sentir obrigado a substituir Miguel Albuquerqu­e.

Ao mesmo tempo, o sociais-democratas da região, bem como o CDS, seu parceiro de coligação governamen­tal, continuam a dizer – e agora por maioria de razão, depois da decisão judicial que libertou os três outros arguidos do processo – que não há qualquer razão para o Presidente da República dissolver o Parlamento da ilha e convocar eleições antecipada­s (só o pode fazer a partir de 24 de março).

O líder da bancada do CDS-PP/Madeira defendeu ontem que, após a libertação dos três detidos por suspeitas de corrupção, o Presidente da República deve validar a maioria parlamenta­r na região e o Representa­nte da República, Ireneu Barreto, viabilizar um novo Governo Regional. “Há uma coesão de uma maioria parlamenta­r [na Madeira] que deve ser consolidad­a e o senhor Presidente da República deve olhar para esta maioria para não criar instabilid­ade”, afirmou António Lopes da Fonseca, falando na Assembleia Legislativ­a da Madeira.

“O que queremos agora é que o senhor Representa­nte da República vá ao encontro das reais necessidad­es que o povo madeirense tem”, sublinhou. Reforçando que Ireneu Barreto, “não deve esperar mais tempo” e deve “dizer ao PSD/Madeira que indique um novo nome para formar um novo Governo”.

Hoje, Ireneu Barreto reunirá em Lisboa com o Presidente da República.

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