Ucrânia recebe apoio extra de Berlim e Paris
Zelensky assinou acordos de segurança com Alemanha e França que darão mais 4,1 mil milhões de ajuda militar a Kiev este ano. Exército ucraniano anunciou a retirada de uma posição que ocupava no sul de Avdiivka, cidade no leste do país que tem sido forteme
Zelensky encontrou-se esta sexta-feira de manhã com Olaf Scholz em Berlim.
Volodymyr Zelensky esteve ontem em Berlim e em Paris para assinar dois acordos de segurança que irão garantir um apoio extraordinário à Ucrânia vindo da Alemanha e França, entendimentos que ganham uma maior importância numa altura em que o Congresso dos Estados Unidos continua sem chegar a um entendimento para desbloquear um pacote de ajuda a Kiev num valor de cerca de 56 mil milhões de euros.
A Alemanha, no âmbito do acordo de segurança assinado ontem, comprometeu-se a fornecer apoio militar e formação à Ucrânia “para restaurar totalmente” a integridade territorial do país na sequência da invasão russa “durante o tempo que for necessário”, mas também a ajudar “na construção de Forças Armadas modernas e resilientes para dissuadir qualquer ataque futuro”, conforme explicou o chanceler alemão, Olaf Scholz. Para Zelensky, este acordo é um sinal de que os aliados compreendem que a Ucrânia acabará por se tornar membro da NATO.
Para lá deste acordo de segurança, Scholz anunciou ainda um novo pacote de apoio militar de 1,1 mil milhões de euros para a Ucrânia. Contas feitas, o chanceler alemão recordou que Berlim já forneceu assistência militar a Kiev no valor de 28 mil milhões de euros, verba só ultrapassada pelo apoio dos Estados Unidos, tendo aproveitado para apelar a um entendimento no Congresso norte-americano.
Já em Paris, o presidente ucraniano ouviu do seu homólogo francês a garantia de que “o nosso compromisso com a Ucrânia não irá vacilar. Este é também o significado do acordo que assinámos” e que terá uma duração de dez anos. No acordo bilateral de segurança assinado ontem por Emmanuel Macron e Volodymyr Zelensky, a França comprometeu-se a fornecer “até 3 mil milhões de euros” de ajuda militar adicional este ano, depois de já ter dado um apoio estimado em 1,7 mil milhões em 2022 e 2,1 mil milhões no ano passado. “Ao ajudar os nossos parceiros ucranianos a defenderem-se, estamos a investir na nossa segurança”, declarou Macron. “Ao fazê-lo, estamos a defender a Ucrânia, mas também o que nos une, a defesa dos mesmos valores”, acrescentou o presidente francês.
O secretário-geral da ONU defendeu ontem que o mundo precisa “desesperadamente de uma paz justa e sustentável para a Ucrânia, para a Rússia e para o mundo”. “Dois anos depois, o custo em vidas humanas e em sofrimento é atroz e o impacto na economia global tem sido particularmente devastador para os países em desenvolvimento”, disse António Guterres na Conferência de Munique, defendendo a paz, “em linha com a Carta da ONU e o Direito Internacional”.
As assinaturas dos acordos com Berlim e Paris aconteceram no dia em que o Exército ucraniano anunciou a retirada de uma posição que ocupava a sul de Avdiivka, onde houve um aumento dos ataques russos nos últimos dias. “Mantivemos esta posição enquanto foi possível deter e destruir eficazmente o inimigo. A decisão de retirar foi tomada para poupar os efetivos e melhorar a situação operacional”, afirmou Oleksandr Tarnavsky, o general que comanda esta área no leste do país.