Governo de gestão abre caminho para manter Miguel Albuquerque
Representante da República mantém Executivo, à espera da eventual dissolução que vier de Belém. E diz que, com ou sem eleições, não vetará quem o partido mais votado lhe indicar.
Ireneu Barreto e Miguel Albuquerque esperam pelo que o Presidente vê como solução para a Madeira.
Adecisão de manter o Governo Regional da Madeira em funções, anunciada ontem pelo representante da República, Ireneu Barreto, aumentou as expectativas quanto à manutenção de Miguel Albuquerque no poder, o que é tido como exequível entre os sociais-democratas da região autónoma. O presidente regional, demissionário após ser arguido por suspeitas de corrupção, ficará à frente do atual Governo, em gestão, pelo menos até o Presidente da República tomar uma decisão sobre a dissolução da Assembleia Legislativa Regional, o que só pode suceder após 24 de março, quando se cumprirem seis meses desde as eleições.
Seja como for, os últimos desenvolvimentos, com o ex-presidente da Câmara do Funchal, Pedro Calado, que esteve detido durante 21 dias, a sair em liberdade por o juiz de instrução não ter encontrado de crimes na investigação do Ministério Público, reforçaram a convicção de Miguel Albuquerque de que poderá manter-se em funções. Apesar de a deputada do PAN, Mónica Freitas, que viabiliza o Governo minoritário da coligação PSD-CDS, ter voltado a sublinhar que deve haver um novo Executivo Regional, sem o seu atual presidente ou qualquer outro envolvido nas investigações.
Certo é que, ao anunciar a sua decisão, justificando-a por não fazer sentido formar um novo Governo que poderia não ter tempo de se inteirar dos problemas da região autónoma antes das previsíveis eleições regionais antecipadas, o representante da República deixou muito claro que Miguel Albuquerque pode prevalecer se for essa a vontade do PSD-Madeira e do próprio, que ainda se mantém à frente da estrutura regional dos sociais-democratas. “Se amanhã, com ou
Pedro Calado Ex-presidente da Câmara do Funchal
sem novas eleições, o partido mais votado me apresentar, no caso em concreto, Miguel Albuquerque, sou obrigado a aceitá-lo. Não quero usar o direito de veto em relação a ninguém”, disse Ireneu Barreto.
Enquanto se mantém a expectativa quanto ao que irá fazer Marcelo Rebelo de Sousa, que ontem coindícios mentou a decisão de Ireneu Barreto – com quem reunira em Lisboa, na véspera – dizendo a jornalistas que “certamente foi uma boa decisão tomada por quem a podia tomar”, o CDS-PP, parceiro de Governação do PSD, deixou críticas ao representante da República. Para o dirigente centrista Luís Miguel Rosa, citado pela Lusa, a “solução rápida”seria nomear um novo Executivo. Ainda assim, Rosa manteve o “compromisso e a garantia de que todos os membros do CDS que estão em cargos governamentais farão o seu trabalho com a maior responsabilidade possível”.
Entretanto, também ontem, no regresso à Madeira, o ex-presidente da Câmara do Funchal (e antes disso vice-presidente do Governo Regional), Pedro Calado, garantiu que “não faz tenções de exercer qualquer cargo político, público ou partidário” de agora em diante.