Diário de Notícias

Ucrânia critica falta “artificial” de armas e sai de Avdiivka

- S.S.

Opresident­e ucraniano, Volodymyr Zelensky, pediu ontem aos aliados para acabarem com o que apelidou de “défice artificial de armas”, alegando que este está a fortalecer as posições das forças russas no terreno. Ontem, o exército ucraniano anunciou a retirada de Avdiivka, cidade industrial na região de Donetsk que está praticamen­te destruída. É a maior vitória para as forças do presidente Vladimir Putin desde a captura de Bakhmut, em maio do ano passado.

“Infelizmen­te, manter a Ucrânia num défice artificial de armas, especialme­nte num défice de artilharia e de capacidade de longo alcance, permite a Putin adaptar-se à atual intensidad­e da guerra”, disse Zelensky na Conferênci­a de Segurança de Munique. “Não perguntem à Ucrânia quando é que a guerra vai acabar. Perguntem-se por que é que Putin ainda é capaz de continuar”, acrescento­u.

O líder ucraniano fala num “défice artificial” de armas porque elas existem, mas o apoio dos EUA está preso no Congresso há meses. Para Zelensky, que agradece a ajuda dada até agora, o mais importante é os aliados enviarem pacotes adicionais de armamento para a Ucrânia e defesas aéreas.

“As nossas ações são limitadas apenas pela eficácia e pelo alcance das nossas forças. Avdiivka é o teste”, afirmou Zelensky, após as tropas de Kiev se retirarem da cidade na noite de sexta-feira. “Foi uma decisão profission­al para salvar o maior número de vidas possível”, indicou o presidente, falando de uma “decisão justa”.

A cidade, que tinha 32 mil habitantes antes da guerra, foi brevemente capturada pelos separatist­as pró-russos no conflito de 2014, mas foi recapturad­a e fortificad­a pelas forças ucranianas. Após a invasão, em fevereiro de 2022, os russos tentaram de novo capturar Avdiivka, sem sucesso, com os combates a intensific­arem-se após o início da contraofen­siva ucraniana, no verão passado.

O anúncio da retirada foi feito durante a noite pelo general que comanda as forças naquela zona, Oleksandr Tarnavskyi. “Numa situação em que o inimigo está a avançar sobre os cadáveres dos próprios soldados e tem dez vezes mais obuses (...) esta é a única decisão correta”, disse no Telegram. As forças ucranianas evitaram assim ficar cercadas.

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