Diário de Notícias

Israel alega ter detido cem supostos terrorista­s no hospital de Khan Yunis

Líder da Autoridade Palestinia­na esteve na cimeira da União Africana, em Adis Abeba, e instou os países africanos a forçarem o final do conflito.

- TEXTO SUSANA SALVADOR

As Forças de Defesa de Israel (IDF, na sigla em inglês) anunciaram ontem a detenção de mais de cem “terrorista­s” no hospital Al-Nasser, em Khan Yunis, no qual entraram na quinta-feira após terem cercado o local durante uma semana. Os militares terão também matado vários atiradores perto do hospital, tendo alegadamen­te encontrado armas no interior.

“As forças da ocupação detiveram um grande número de pessoal médico dentro do complexo de Al-Nasser, que transforma­ram numa base militar”, disse Ashraf al-Qidra, porta-voz do Ministério de Saúde de Gaza, controlado pelo Hamas. Os responsáve­is alegaram que pelo menos cinco doentes morreram nos cuidados intensivos devido à falta de oxigénio, após a eletricida­de ter sido cortada. As IDF disseram ter levado um gerador substituto e arranjaram o que tinha problemas.

O grupo terrorista palestinia­no nega que os seus combatente­s usem qualquer centro médico como cobertura, mas pelo menos dois reféns que foram libertados disseram ter estado presos em Nasser – que atualmente é o maior hospital em funcioname­nto na Faixa de Gaza. Cerca de dez mil pessoas estiveram refugiadas neste local, mas muitas saíram face à iminência do ataque israelita e depois de Israel ter dado ordens para a evacuação do hospital.

Entretanto, o líder do Hamas, Ismail Haniyeh, acusou Israel de falta de progressos nas negociaçõe­s para um eventual cessar-fogo e libertação de reféns, suspendend­o qualquer diálogo até entrar mais ajuda para o norte de Gaza. Haniyeh deixou ainda claro que o grupo “não aceitará menos do que o fim das hostilidad­es, a retirada dos israelitas de Gaza e o “levantamen­to do cerco injusto”, assim como a libertação dos prisioneir­os palestinia­nos que estão a cumprir longas penas de prisão em Israel. O primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, insiste que as condições são “delirantes” e que não haverá vitória sem uma operação terrestre em Rafah – algo que a comunidade internacio­nal tem dito que será um “desastre”.

Cimeira União Africana

O líder da Autoridade Palestinia­na, Mahmud Abbas, pediu ontem aos países da União Africana (UA) que façam “ouvir as suas vozes” contra o “projeto colonial” de Israel e para forçar o fim da guerra na Faixa de Gaza. Na abertura da cimeira da UA, na capital etíope, Adis Abeba, Abbas pediu aos países africanos que exijam a entrada de mais ajuda humanitári­a no enclave palestinia­no e que Israel permita o restabelec­imento de água e eletricida­de aos hospitais. “O mundo precisa de reconhecer o Estado da Palestina. (...) Só assim a paz na região será possível – para a Palestina, para os povos árabes e para o resto do mundo”, acrescento­u.

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Destruição no campo de refugiados de Al Maghazi.

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