Israel alega ter detido cem supostos terroristas no hospital de Khan Yunis
Líder da Autoridade Palestiniana esteve na cimeira da União Africana, em Adis Abeba, e instou os países africanos a forçarem o final do conflito.
As Forças de Defesa de Israel (IDF, na sigla em inglês) anunciaram ontem a detenção de mais de cem “terroristas” no hospital Al-Nasser, em Khan Yunis, no qual entraram na quinta-feira após terem cercado o local durante uma semana. Os militares terão também matado vários atiradores perto do hospital, tendo alegadamente encontrado armas no interior.
“As forças da ocupação detiveram um grande número de pessoal médico dentro do complexo de Al-Nasser, que transformaram numa base militar”, disse Ashraf al-Qidra, porta-voz do Ministério de Saúde de Gaza, controlado pelo Hamas. Os responsáveis alegaram que pelo menos cinco doentes morreram nos cuidados intensivos devido à falta de oxigénio, após a eletricidade ter sido cortada. As IDF disseram ter levado um gerador substituto e arranjaram o que tinha problemas.
O grupo terrorista palestiniano nega que os seus combatentes usem qualquer centro médico como cobertura, mas pelo menos dois reféns que foram libertados disseram ter estado presos em Nasser – que atualmente é o maior hospital em funcionamento na Faixa de Gaza. Cerca de dez mil pessoas estiveram refugiadas neste local, mas muitas saíram face à iminência do ataque israelita e depois de Israel ter dado ordens para a evacuação do hospital.
Entretanto, o líder do Hamas, Ismail Haniyeh, acusou Israel de falta de progressos nas negociações para um eventual cessar-fogo e libertação de reféns, suspendendo qualquer diálogo até entrar mais ajuda para o norte de Gaza. Haniyeh deixou ainda claro que o grupo “não aceitará menos do que o fim das hostilidades, a retirada dos israelitas de Gaza e o “levantamento do cerco injusto”, assim como a libertação dos prisioneiros palestinianos que estão a cumprir longas penas de prisão em Israel. O primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, insiste que as condições são “delirantes” e que não haverá vitória sem uma operação terrestre em Rafah – algo que a comunidade internacional tem dito que será um “desastre”.
Cimeira União Africana
O líder da Autoridade Palestiniana, Mahmud Abbas, pediu ontem aos países da União Africana (UA) que façam “ouvir as suas vozes” contra o “projeto colonial” de Israel e para forçar o fim da guerra na Faixa de Gaza. Na abertura da cimeira da UA, na capital etíope, Adis Abeba, Abbas pediu aos países africanos que exijam a entrada de mais ajuda humanitária no enclave palestiniano e que Israel permita o restabelecimento de água e eletricidade aos hospitais. “O mundo precisa de reconhecer o Estado da Palestina. (...) Só assim a paz na região será possível – para a Palestina, para os povos árabes e para o resto do mundo”, acrescentou.