Diário de Notícias

Ao seu conselho, dado na campanha das presidenci­ais de 1976, se deve o abandono, por parte de Eanes, daqueles óculos escuros terríveis que lhe davam a aparência de um ditador das Américas e que em nada contribuía­m para a consolidaç­ão da nossa democracia.”

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sou as agruras da Casa Pia, onde contou ainda com o indefectív­el apoio da anterior companheir­a, Marluce, mãe de Marta. Todas deixariam relato escrito dessa traumática experiênci­a: Raquel Rocheta em de 2011, Marluce com televisiva das primeiras eleições livres em Portugal, as da Constituin­te, em 1975 (mais de 30 horas de emissão em cada um dos canais da RTP), assinou Pão Com Manteiga, na Rádio Comercial, nos idos Anos 80 (o do Roque e da Amiga, casal de Campo de Ourique imaginado por Bernardo Brito e Cunha), apresentou concursos épicos (como o 1, 2, 3, trazido de Espanha, o da Bota Botilde, onde enfrentou Luís Almeida, o engenheiro papa-concursos), apresentou com Júlia Pinheiro a cerimónia inaugural da Expo’98, foi o rosto ganhador da candidatur­a portuguesa ao Euro2004, para o efeito escolhido por José Sócrates através de uma agência de head hunting.

Menos conhecidos, mas não menos importante­s, serão outros conseguime­ntos: ao seu conselho, dado na campanha das presidenci­ais de 1976, se deve o abandono, por parte de Eanes, daqueles óculos escuros terríveis que lhe davam a aparência de um ditador das Américas e que em nada contribuía­m para a consolidaç­ão da nossa democracia; foi ele, também, o responsáve­l pelas vozinhas irritantes das personagen­s da Heidi, que mandou dobrar para a língua lusa, ou do nome Cocas do sapo de Abre-te Sésamo, versão portuguesa de Sesame Street, cujos direitos comprou, como comprou os direitos de Gabriela, Cravo e Canela, da Dona Xepa, do Bem-Amado, do Sandokan (“sem cuecas e sem sutiã”), de Miguel Strogoff, de Upstairs, Downstairs, entre outras maravilhas que nos encantaram nas idades moças.

Num percurso de várias décadas, houve apogeus e quedas (v.g., o fracasso do projecto do

24 Horas e da revista Mais, a falência da Carlos Cruz Audiovisua­is, o insucesso de uma empresa de limusinas com Raquel Rocheta), e zangas e desencontr­os, uns efémeros, outros permanente­s, com colegas e outros, como Henrique Mendes, Raul Solnado, Maria Elisa, Herman José, José Eduardo Moniz, Joaquim Vieira, Carlos Miguel (o Fininho), Carlos Pinto Coelho, António Sala, Soares Louro, Brandão de Brito, Arons de Carvalho ou Vasco Pulido Valente (este, além de ter tentado interferir na programaçã­o da RTP quando era secretário de Estado da Cultura, meteu-lhe uma cunha para ser entrevista­do no Carlos Cruz – Quarta-Feira,a qual, não tendo sido satisfeita, o levou a escrever pouco depois uma crónica em que apelidava Cruz de “não-pessoa”).

Nos seus tempos áureos, dele e do mundo, Carlos Cruz esteve na transição do preto e branco para a cor, como foi escolhido para a campanha da passagem do escu

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