Professores dão “último grito” antes das eleições
A manifestação em Lisboa foi organizada por um grupo de professores, à parte de sindicatos, e divulgada através de grupos e redes sociais.
Centenas de professores de todo o país manifestaram-se ontem em frente ao Parlamento, em Lisboa, naquele que consideraram “o último grito” pela escola pública antes das eleições.
À frente do protesto, que desceu do Largo do Rato para São Bento, professores seguravam uma grande tarja que dizia “Marcha pela Educação” e o slogan foi gritado com musicalidade “1, 2, 3 já cá estamos outra vez, 4, 5, 6 estamos fartos outra vez, 7,8, 9 já ninguém nos demove”.
“Chamámos [a esta manifestação] o último grito antes das eleições. Mas não vai ser de todo o último grito da escola pública. Vai continuar a luta pelos alunos, pela escola pública, pela Educação”, afirmou à Lusa Esperança Calçada, que veio de Viana do Castelo.
Esperança Calçada , professora de Português e Inglês, diz que se sente a repetir a cada protesto, mas tem de o fazer porque não há melhorias na eEducação e a sua principal reivindicação, além da recuperação do tempo do serviço, são as condições de trabalho nas escolas, dando o exemplo de não haver professores em número e competências adequadas para alunos com necessidades educativas especiais.
Francisco Marques, do Porto, contou à Lusa que foi a sétima vez que se manifestou em Lisboa e que nem tem os 6 anos, 6 meses e 23 dias de tempo de serviço para recuperar, porque voltou à profissão mais recentemente, mas que o fez para reivindicar que a “Educação deste país seja planificada como deve ser, que está em cacos”, sem professores e outros profissionais necessários, com instalações precárias e os professores sem exigência e a autoridade que devem ter.
O professor de Português considerou ainda que os Encarregados de Educação tiveram já, eles próprios, um ensino facilitado pelo que também a sua exigência é cada vez menor. “Há uns anos as pessoas não compreendiam as cartas das Finanças, do banco, e pediam a um vizinho que lhas lesse. Nós vamos ter esse problema agora, mas as pessoas vão estar com o 12.º ano, não sabem ler, escrever, interpretar”, disse, considerando ainda um “escândalo” o modo como é tratado o ensino profissional, que deveria ser vocacional, e é usado pelos governantes como “escape para a não-aprendizagem”. Aliás, disse, os Governos usam sucessivamente “disfarces” para “para enganar as entidades externas e os portugueses” quanto aos resultados da educação.
Este protesto foi organizado por um grupo de professores, à parte de sindicatos, e foi divulgado em grupos e redes sociais. Com megafones, vários professores apelaram à união da classe e deixaram claro que a luta não pertence a qualquer partido ou bandeira e que não parará até obter o reivindicado.
Vários partidos estiveram presentes mas Rui Tavares, do Livre, foi o único líder partidário presente. “O Livre está aqui para dizer que Portugal precisa de fazer um contrato com o seu futuro. Os partidos democráticos têm de oferecer um horizonte de progresso para o país”, afirmou.
Pelo Chega, Gabriel Mithá Ribeiro disse que os professores precisam de melhores condições laborais, menos burocracia e ter capacidade de disciplina. Do Bloco de Esquerda, Fabian Figueiredo considerou essencial valorizar os professores, até para a carreira ser atrativa.