Costa prevê crescimento do Chega mais reduzido
Primeiro-ministro disse ao La Vanguardia que o maior risco do populismo é a “capacidade de condicionar a direita democrática”. “Os populistas só têm soluções fáceis, fundadas em palavras. E palavras leva-as o vento”, disse António Costa na entrevista.
Primeiro-ministro garantiu que respeita o trabalho da Justiça no que toca à
Oprimeiro-ministro António Costa disse, numa entrevista publicada ontem pelo diário catalão La Vanguardia, que tem a convicção de que o crescimento eleitoral do Chega se “vai reduzir” à medida que se aproximam as eleições legislativas. Sem nunca nomear o partido liderado por André Ventura, o governante reconheceu que o peso do populismo aumentou num sistema partidário “hoje mais fragmentado do que ontem”, mas que mantém PS e PSD como “forças principais” no centro-esquerda e no centro-direita.
Dizendo ser “muito cedo para dizer” se o resultado eleitoral de 10 de março permitirá uma solução de governo estável em Portugal, Costa reconhece que, na sequência de “anos muito duros e especiais”, existe “uma grande acumulação de situações de tensão social, que é território favorável para os populistas”. Mas deixou um aviso: “O problema é que os populistas só têm soluções fáceis, fundadas em palavras. E palavras leva-as o vento.”
Nem assim o ex-líder socialista, que está a prestes a terminar mais de oito anos de governação, admitiu que possa haver qualquer entendimento entre as principais forças partidárias, o que também tem sido afastado pelo seu sucessor no PS, Pedro Nuno Santos, e pelo presidente do PSD (e líder da Aliança Democrática), Luís Montenegro.
Recordando o Bloco Central que existiu em 1983, António Costa disse ao Vanguardia que não acredita nessa opção. “A minha convicção é de que, tirando em circunstâncias absolutamente excecionais, um Governo de grande coligação, como na Alemanha, teria o efeito de fortalecer os extremos”, defendeu o ainda primeiro-ministro.
Quanto à decisão de se demitir, na sequência do seu envolvimento na Operação Influencer, Costa repetiu que, “para a saúde das instituições democráticas, e para a confiança dos cidadãos nas instituições, o líder de um país não pode estar sob suspeita”, dando a entender que faria o mesmo se pudesse saber que, meses mais tarde, continuaria a não haver nenhuma acusação contra si.
“A Justiça tem de fazer o seu trabalho e eu respeito-a”, disse, admitindo ter maiores dúvidas para com a dissolução da Assembleia da República feita por Marcelo Rebelo de Sousa. “O PS dispunha de uma ampla maioria parlamentar e estava em condições de apontar outro primeiro-ministro. O Presidente teve outra visão, vamos a eleições e tentaremos ganhá-las”, afirmou.
Em low profile nas últimas semanas, António Costa vai ser um dos apresentadores do livro Portugal, e Agora? – 30 Ideias para Mudar o País, lançado na quarta-feira pelo deputado socialista Miguel Costa Matos, que é o secretário-geral da Juventude Socialista. O outro apresentador será o ainda ministro do Ambiente, Duarte Cordeiro.