Diário de Notícias

Hungria fura unanimidad­e europeia ao apelo de cessar-fogo em Gaza

Budapeste também bloqueou sanções aos colonos israelitas no dia em que Bruxelas chegou a acordo sobre a missão naval no Mar Vermelho.

- CÉSAR AVÓ

Vinte e seis dos 27 países da União Europeia apelaram para uma “pausa humanitári­a imediata” em Gaza, numa altura em que o exército israelita diz estar a preparar uma ofensiva no sul do território palestinia­no, segundo o chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell. No dia em que foi dado o pontapé de saída da missão Aspides da UE, de proteção do tráfego no Mar Vermelho, os rebeldes Houthis do Iémen lançaram um ataque com mísseis que obrigou a tripulação a abandonar um navio.

Josep Borrell, o chefe da política externa da UE, afirmou que 26 estados-membros, com exceção da Hungria, emitiram em conjunto uma declaração a apelar para uma pausa “imediata” nos combates em Gaza. “Pedimos ao governo israelita que não empreenda uma ação militar em Rafah que agrave uma situação humana já catastrófi­ca e impeça a prestação urgente de serviços básicos e de assistênci­a humanitári­a”, afirma a declaração.

Os países europeus manifestar­am um apoio firme a Israel na sequência dos ataques terrorista­s de 7 de outubro, mas a deterioraç­ão das condições da população na Faixa de Gaza levou a críticas da campanha militar de Israel, que já matou mais de 29 mil pessoas e está a arrastar para a fome os sobreviven­tes. A declaração europeia apela para uma “pausa humanitári­a imediata que conduza a um cessar-fogo duradouro, à libertação incondicio­nal de todos os reféns e à prestação de assistênci­a humanitári­a”.

À saída da reunião de ministros dos Negócios Estrangeir­os da UE, João Gomes Cravinho lamentou não ter sido possível encontrar um consenso a 27, e relevou “a importânci­a” de um cessar-fogo para permitir à população palestinia­na na Faixa de Gaza o acesso a ajuda humanitári­a. Segundo o chefe da diplomacia portuguesa, a Hungria de Viktor Orbán também bloqueou a possibilid­ade de avançar com sanções contra colonos israelitas na Cisjordâni­a.

Na mesma reunião foi dada luz verde para o arranque da missão naval de proteção dos navios comerciais no Mar Vermelho e no Golfo de Aden. A missão Aspides implica o envio de navios de guerra europeus e de sistemas aéreos de alerta para o Mar Vermelho e águas circundant­es, dotados da capacidade de derrubar mísseis e drones lançados pelos rebeldes apoiados pelo Irão. Estes reivindica­ram o ataque realizado no domingo com dois mísseis a um navio de carga britânico, Rubymar, com pavilhão do Belize, o que levou à retirada da tripulação. Horas depois, o porta-voz dos Houthis afirmou terem alvejado dois cargueiros norte-americanos, Navis Fortuna (com bandeira das ilhas Marshall) e Sea Champion (pavilhão da Grécia).

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A francesa Zacharopou­lou e o português Gomes Cravinho.

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