Vencedores e vencidos nas eleições em que imperou o
PP tentou justificar a maioria absoluta alcançada com o acordo de amnistia dos socialistas com os partidos catalães. “Votação em moldes muito galegos”, retrucou o PSOE.
OPartido Popular manteve a maioria absoluta no Parlamento da Galiza e Alfonso Rueda, que destacou o voto sentidiño (responsável) viu legitimada a sua presidência. As eleições foram marcadas pela ascensão dos nacionalistas e a queda dos socialistas para terceira força, porém, estes rejeitaram a leitura nacional dos resultados.
Conservadorismo
A Galiza é território conservador. Desde a entrada em vigor do estatuto de autonomia daquela região, em 1981, o Governo esteve nas mãos do Partido Popular, com exceção do período 1987-1990, com o socialista González Laxe a liderar uma coligação com nacionalistas galegos, e entre 2005 e 2009, desta vez com o socialista Pérez Touriño.
Ânimo da oposição
A campanha de Alfonso Rueda contou com a presença do anterior presidente da Xunta e líder do PP regional e agora líder nacional Alberto Núñez Feijóo. Apesar de uma perda marginal de dois deputados no parlamento regional, a vitória é uma injeção de ânimo entre os populares e em especial na liderança. Segundo mensagem do PP divulgada através da agência EFE, o partido reclamou vitória em “todas” as eleições contra o PSOE de Pedro Sánchez (ainda que para tal recorrendo a alguma criatividade). Em declarações públicas, Feijóo elevou Rueda à categoria de “barão com todas as letras” e ligou os resultados eleitorais ao acordo de amnistia
Rueda, que herdou de Feijóo os cargos de liderança da Galiza e do PP regional, manteve a maioria absoluta.
dos socialistas com os independentistas catalães.
Esperança
O Bloco Nacionalista Galego (BNG) alcançou o melhor resultado de sempre: 31,6%,e mais seis deputados em relação às eleições de 2020, trocando de posição com o Partido Socialista como o maior da oposição. A sua líder, Ana Pontón, destacou o reforço de mais 157 mil votos como um “enorme caudal de esperança”.
Derrotados
Com 14% dos votos, o Partido Socialista da Galiza só conseguiu ser o mais votado em cinco municípios. Nas restantes autarquias nas quais o alcaide é socialista, em 73 foi o terceiro partido mais votado e em 20 o segundo. Apesar do mau resultado, e depois de reunida a estrutura executiva do PSOE, o partido fez “autocrítica” e concluiu que não deu tempo suficiente ao candidato José Ramón Besteiro. “Terá grandes resultados dentro de quatro anos”, afirmou a porta-voz Esther Peña.
De resto, o PSOE rejeitou qualquer leitura nacional. “A votação decorreu em moldes muito galegos.”
Mas há mais derrotados. A outra força partidária no Governo, Sumar, obteve apenas 1,9% e não elegeu representantes. “Os resultados não os que esperávamos, são inquestionavelmente maus”, disse a candidata Marta Lois. O resultado é tanto mais penalizador porque a líder, Yolanda Díaz, é galega, e houve uma presença constante de ministros e líderes partidários na campanha. No fim de contas, o Sumar caiu dois pontos percentuais face às eleições anteriores, sob o nome En Común, quando concorreu com o Podemos. O partido que esteve na anterior coligação governamental com Pedro Sánchez obteve 0,26%, abaixo do partido de defesa dos animais (PACMA, 0,4%). Do outro lado do espetro político, o Vox também não convence os galegos, ao recolher 2,2%, e falha a representação parlamentar.
“A Galiza enviou uma mensagem a Espanha. Aqui não queremos chantagens, nem fazê-las nem sermos subjugados. Não queremos privilégios de qualquer espécie, nem ser mais do que os outros, nem menos do que ninguém.” Alfonso Rueda Presidente eleito da Galiza
Participação
67% dos eleitores galegos não faltaram à chamada, um aumento de nove pontos percentuais. Os partidos de esquerda depositavam esperança de que a queda da abstenção beneficiasse os seus partidos.