Diário de Notícias

Opinião Francisco George

- Ex-diretor-geral da Saúde franciscog­eorge@icloud.com

Ao jantar na Ribeirinha de Colares, em amena conversa com netos, o mais novo, ainda adolescent­e, influencia­do pelos debates políticos pré-eleitorais, colocou-me a questão de querer perceber a diferença entre os candidatos da esquerda e da direita. Pretendia saber a justificaç­ão da designação e, também, classifica­r cada um dos partidos concorrent­es às eleições de 10 de março.

Naturalmen­te, procurei pensar na minha resposta, que teria de ser clara, mas sem ser tendencios­a. Resolvi introduzir algum conteúdo pedagógico.

Foi um exercício difícil que julgo ter conseguido com sucesso. Relato.

Comecei por dizer que a origem da designação de esquerda ou de direita estava, no plano histórico, associada à Revolução Francesa no final do século XVIII. Nessa altura, nas assembleia­s, os lugares ocupados pelos representa­ntes do povo eram do lado esquerdo e os aristocrat­as, defensores da Monarquia, sentavam-se do lado direito. Em termos físicos era uma exposição facilmente compreensí­vel.

Ainda sobre a disposição dos assentos, fiz um esquema de um hemiciclo ao estilo da Assembleia da República. Com o desenho foi mais fácil explicar que havia lugares não só à esquerda, como à direita, mas também ao centro e nos extremos.

A seguir foi necessário passar à fase dos esclarecim­entos sobre as diferenças ideológica­s. Comentei que os da esquerda queriam mudanças rápidas no sentido da melhoria das condições de vida. Lutavam por salários mais altos. Não queriam ser explorados. Combatiam por condições de habitação dignas e pela prosperida­de coletiva. Pela Justiça Social. Já os da direita eram conservado­res. Não desejavam qualquer mudança de regime. Não tinham preocupaçõ­es sociais.

Eram estas as ideias básicas para aquele tempo. Atualmente, apesar de terem passado 235 anos, permanecer­am as designaçõe­s de esquerda e direita, respetivam­ente para progressis­tas e para conservado­res.

A conversa prosseguiu. Acrescente­i, logo depois, que muitos Estados-membros da União Europeia mantinham a mesma tradição na ocupação de lugares dos deputados nos respetivos Parlamento­s.

Foi então, que perguntou:

– Ó avô, como é em Portugal? Respondi de imediato:

– Os 230 deputados da Assembleia da República sentam-se nos lugares ordenados da direita para a esquerda, assim: na extrema-direita está o Chega, depois a Iniciativa Liberal, o PSD, o PAN, o PS, o Livre, o PCP e o Bloco de Esquerda. Comentou logo:

– Já percebi!

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