Exército investiga resposta ao ataque do Hamas
Ministro das Finanças diz que a libertação dos reféns “não é o mais importante” e que a prioridade é derrotar o movimento islamista.
OExército israelita vai iniciar esta semana uma investigação interna sobre eventuais erros cometidos no ataque do Hamas a 7 de outubro, que apanhou de surpresa Telavive. Esta investigação, que será feita sob supervisão dos comandantes superiores de cada unidade, brigada e setor das Forças Armadas, visa uma avaliação geral, após a decisão de rever o papel do Exército nos primeiros dias da ofensiva do Hamas que provocou 1200 mortos e cerca de 250 reféns.
Em análise estará a resposta a 7 de outubro, como nos ataques subsequentes quando os soldados foram criticados pela lenta mobilização face à incursão de milhares de militantes e que levaram o Hamas a assumir o controlo em mais de uma dezena de comunidades, espalhando-se por cerca de 3% do território israelita e perpetrando ataques. Na lista de avaliações vão estar a preparação das tropas para o combate, a sua chegada às áreas onde estavam elementos do Hamas, a sua deslocação no terreno e os procedimentos operacionais utilizados, segundo noticiou ontem a imprensa israelita.
A decisão de realizar uma investigação é da iniciativa do Chefe do Estado-Maior do Exército, Herzi Halevi, que há alguns meses, a par dos líderes dos serviços secretos admitiram a responsabilidade por não terem antecipado a ofensiva surpresa do Hamas.
O Controlador de Estado, Matanyahu Englman, já tinha exigido que o Exército abrisse uma investigação e, no mês passado, informou o Ministério da Defesa que começaria a realizar as suas próprias investigações nas Forças Armadas, lideradas por oficiais reservistas de alta patente. Estas declarações causaram tensão, tendo o Chefe do Estado-Maior garantido a Englman que a abertura de investigações em plena guerra poderia ser um retrocesso para o desenvolvimento da ofensiva em Gaza.
A notícia da realização desta investigação surge no dia em que os Estados Unidos vetaram um projeto de resolução proposto pela Argélia no Conselho de Segurança da ONU que exigia um cessar-fogo humanitário imediato em Gaza. A resolução, que teve amplo apoio dos países árabes, recebeu 13 votos a favor, um voto contra e uma abstenção (Reino Unido).
O veto norte-americano não apanhou o Conselho de Segurança da ONU de surpresa, uma vez que a embaixadora dos EUA, Linda Thomas-Greenfield, já havia anunciado no domingo que iria votar contra, argumentando que a proposta poderia interferir nas negociações em prol de um acordo pela libertação de todos os reféns detidos pelo Hamas.
Algo que parece não preocupar todos os membros do Governo de Benjamin Netanyahu. O ministro das Finanças de Israel afirmou ontem que a libertação dos reféns “não é o mais importante”. “Porquê fazer uma competição? O que é importante agora? O Hamas tem de ser destruído”, afirmou o ultranacionalista Bezalel Smotrich.
O ministro disse ainda que conseguir a libertação dos reféns “é muito importante”, mas sublinhou que procurar esse fim “a qualquer preço” é um “problema”. Após estas declarações, Smotrich esclareceu que “só destruindo o Hamas e ganhando a guerra” se poderá “devolver todos os reféns”.
Estados Unidos vetaram projeto de resolução proposto pela Argélia no Conselho de Segurança que exigia um cessar-fogo humanitário imediato em Gaza.