Curioso foi ouvir os comentários ao debate em que muito se valorizou a maior ou a menor agressividade dos dois participantes.
Assisti ao debate na segunda-feira e fiquei ainda mais convencido de que Luís Montenegro se está a afirmar como um político competente, tranquilo, conhecedor dos assuntos da governação e que tem propostas concretas que me convencem de que, com ele, será possível mudar Portugal.
Porquê?
Começando pela recuperação do Sistema Nacional de Saúde, em que se propõe uma melhoria da sua eficiência através do lançamento de soluções próximas dos utentes e com objetivos concretos, com resultados mensuráveis, e com a complementaridade de utilização dos recursos públicos a par dos sociais e privados; passando pela reestruturação da escola pública, valorizando os professores e as suas carreiras, de forma a tornar atrativa a atividade pela promoção de uma verdadeira reforma na oferta de habitação, com particular cuidado com o acesso a uma casa aos mais necessitados e aos jovens.
Passando também pela recuperação da competitividade através de medidas complementares de recompensação dos trabalhadores e pela melhoria das suas condições salariais, enquanto propõe investir numa menor carga fiscal que aumenta imediatamente o rendimento líquido de cada português. E de uma efetiva política de atração de investimento estrangeiro e de promoção do investimento nacional que promova o crescimento económico.
Não esquecendo ainda a promoção do rendimento dos pensionistas com um objetivo de aproximar o valor mínimo das pensões ao salário mínimo, nomeadamente apoiando aqueles que têm um histórico contributivo mais débil.
A tudo isto contrapôs o seu opositor com um discurso presunçoso de superioridade, em que sempre afirmou ter as soluções sem nunca explicar quais seriam em concreto e sem nunca explicar que milagre viria a resolver o que não foi feito em oito anos de governo.
Sobre a saúde apenas diz que vai olhar melhor para o envelhecimento e que espera que se formem mais médicos, o que demorará no mínimo dez anos para que um jovem ainda quase sem preparação venha a resolver alguma das falhas hoje já tão prementes.
Na educação fala apenas em aumentar escalões para melhorar a remuneração dos professores, não se preocupando nada com a falta de respeito e de tratamento que esta classe tem vindo a suportar, e que será provavelmente a maior causa da sua rejeição pelos jovens.
Na habitação, afirmou que a obra que o Governo tem vindo a fazer é a sua solução para o problema.
Na fiscalidade, promete manter tudo na mesma.
Na economia diz que o Estado vai decidir aonde deve ser feito o investimento das empresas e que pretende uma especialização da economia portuguesa que, diga-se, já está especializadíssima em turismo.
Acreditar que as empresas vão esperar de um Estado, que nunca foi capaz de manter uma política constante ao longo dos anos, para saber onde devem investir, num mercado global em que não tem qualquer peso, e ainda por cima esperar que isso promova a produtividade, é um absurdo que caracteriza bem a proposta socialista que vai afundar ainda mais Portugal.
Curioso foi ouvir os comentários ao debate em que muito se valorizou a maior ou a menor agressividade dos dois participantes – como se de Fernando Madureira se tratasse – e em que apenas se valorizaram pontos específicos muito interessantes para a elite mediática, quando o que verdadeiramente devia ser importante são as propostas que cada um apresenta aos eleitores.
Mau serviço fazem à política deixando de fora aquilo que muda Portugal para valorizar o que excita e venda jornais.