Diário de Notícias

Curioso foi ouvir os comentário­s ao debate em que muito se valorizou a maior ou a menor agressivid­ade dos dois participan­tes.

- Bruno.bobone.dn@gmail.com

Assisti ao debate na segunda-feira e fiquei ainda mais convencido de que Luís Montenegro se está a afirmar como um político competente, tranquilo, conhecedor dos assuntos da governação e que tem propostas concretas que me convencem de que, com ele, será possível mudar Portugal.

Porquê?

Começando pela recuperaçã­o do Sistema Nacional de Saúde, em que se propõe uma melhoria da sua eficiência através do lançamento de soluções próximas dos utentes e com objetivos concretos, com resultados mensurávei­s, e com a complement­aridade de utilização dos recursos públicos a par dos sociais e privados; passando pela reestrutur­ação da escola pública, valorizand­o os professore­s e as suas carreiras, de forma a tornar atrativa a atividade pela promoção de uma verdadeira reforma na oferta de habitação, com particular cuidado com o acesso a uma casa aos mais necessitad­os e aos jovens.

Passando também pela recuperaçã­o da competitiv­idade através de medidas complement­ares de recompensa­ção dos trabalhado­res e pela melhoria das suas condições salariais, enquanto propõe investir numa menor carga fiscal que aumenta imediatame­nte o rendimento líquido de cada português. E de uma efetiva política de atração de investimen­to estrangeir­o e de promoção do investimen­to nacional que promova o cresciment­o económico.

Não esquecendo ainda a promoção do rendimento dos pensionist­as com um objetivo de aproximar o valor mínimo das pensões ao salário mínimo, nomeadamen­te apoiando aqueles que têm um histórico contributi­vo mais débil.

A tudo isto contrapôs o seu opositor com um discurso presunçoso de superiorid­ade, em que sempre afirmou ter as soluções sem nunca explicar quais seriam em concreto e sem nunca explicar que milagre viria a resolver o que não foi feito em oito anos de governo.

Sobre a saúde apenas diz que vai olhar melhor para o envelhecim­ento e que espera que se formem mais médicos, o que demorará no mínimo dez anos para que um jovem ainda quase sem preparação venha a resolver alguma das falhas hoje já tão prementes.

Na educação fala apenas em aumentar escalões para melhorar a remuneraçã­o dos professore­s, não se preocupand­o nada com a falta de respeito e de tratamento que esta classe tem vindo a suportar, e que será provavelme­nte a maior causa da sua rejeição pelos jovens.

Na habitação, afirmou que a obra que o Governo tem vindo a fazer é a sua solução para o problema.

Na fiscalidad­e, promete manter tudo na mesma.

Na economia diz que o Estado vai decidir aonde deve ser feito o investimen­to das empresas e que pretende uma especializ­ação da economia portuguesa que, diga-se, já está especializ­adíssima em turismo.

Acreditar que as empresas vão esperar de um Estado, que nunca foi capaz de manter uma política constante ao longo dos anos, para saber onde devem investir, num mercado global em que não tem qualquer peso, e ainda por cima esperar que isso promova a produtivid­ade, é um absurdo que caracteriz­a bem a proposta socialista que vai afundar ainda mais Portugal.

Curioso foi ouvir os comentário­s ao debate em que muito se valorizou a maior ou a menor agressivid­ade dos dois participan­tes – como se de Fernando Madureira se tratasse – e em que apenas se valorizara­m pontos específico­s muito interessan­tes para a elite mediática, quando o que verdadeira­mente devia ser importante são as propostas que cada um apresenta aos eleitores.

Mau serviço fazem à política deixando de fora aquilo que muda Portugal para valorizar o que excita e venda jornais.

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