Mark Rutte recebe o apoio de Biden e fica a um passo de ser secretário-geral da NATO
Escolha do sucessor de Jens Stoltenberg será feita na cimeira da NATO, marcada para julho, mas a assunção de funções só acontecerá em novembro. Hungria e Turquia são dois dos dez países que o neerlandês ainda terá de conquistar.
Oprimeiro-ministro neerlandês, Mark Rutte, já garantiu o apoio de dois terços dos Estados-membros da NATO para suceder em novembro a Jens Stoltenberg como secretário-geral da Organização do Tratado do Atlântico Norte. Entre estes apoios está o mais importante de todos, os Estados Unidos, garantiu ao Politico fonte oficial da Administração Biden.
Rutte, cujo Governo se demitiu em julho, encontrando-se atualmente à espera da nomeação do seu sucessor, está em campanha para o cargo de secretário-geral da NATO, e é o único nome em cima da mesa para o cargo. “Após rondas muito intensas de discussões entre os aliados, estamos agora no ponto em que mais de 20 aliados da NATO estão preparados para apoiar o primeiro-ministro Rutte como o próximo secretário-geral”, disse ao Politico um funcionário da Aliança sob anonimato.
Neste grupo de 20 países, estão, além dos Estados Unidos, aliados como o Reino Unido, França e Alemanha. Segundo as regras da NATO, o secretário-geral tem de ser decidido por consenso entre os seus 31 membros, o que significa que Rutte ainda tem de angariar o apoio dos restantes países.
Um dos responsáveis consultados pelo Politico referiu que as discussões “não são definitivas”, mas acrescentou que “existe uma dinâmica crescente por trás da sua candidatura”. Outro alto funcionário da NATO confirmou ao mesmo site de notícias que vários países não endereçaram até agora o apoio a Rutte, sendo que cerca de uma dezena ainda se recusam a votar nele.
A Turquia, por exemplo, mantém alguma resistência ao nome de Mark Rutte, exigindo que não favoreça os países da União Europeia na aliança, segundo a Bloomberg, enquanto a Hungria mantém divergências de longa data
com o neerlandês devido às suas críticas ao retrocesso democrático do país.
O próximo líder da Aliança Atlântica será escolhido em julho, na cimeira da NATO que se realizará em Washington, e que será a última encabeçada por Stoltenberg, secretário-geral desde 2014. Na semana passada, a embaixadora dos Estados Unidos junto da NATO, Julianne Smith, disse que os aliados deveriam ter como objetivo “concluir o processo de seleção provavelmente no primeiro trimestre”.
No último fim de semana, durante o Fórum de Segurança de Munique, onde se cruzaram vários líderes mundiais, Rutte, de 57 anos, não quis falar sobre a sua candidatura à liderança da NATO, dizendo que tinha aprendido a lição. “Cometi o erro em outubro de dizer que ‘posso estar interessado nesse papel’ e depois isto cresceu”, explicou o ainda primeiro-ministro neerlandês. “Não devia ter fei
to isso, então decidi não voltar a falar do assunto.”
Suceder a Jens Stoltenberg na liderança da NATO será uma tarefa cheia de desafios. O norueguês foi eleito em 2014, viu o seu mandato renovado em 2018 e depois prolongado por duas vezes, por um período de um ano cada, devido à guerra na Ucrânia, o seu maior desafio e que passará para o seu sucessor. Stoltenberg também teve de lidar com a presidência de Donald Trump e o seu discurso contra a Aliança, o que poderá vir a acontecer com quem vier a seguir, dependendo do resultado das presidenciais dos EUA, marcadas para novembro. Questionado há um ano sobre que conselho daria ao seu sucessor, Stoltenberg, de 64 anos, respondeu: “Manter a Europa e a América do Norte unidas.”
Durante os 14 anos de liderança de Mark Rutte, os Países Baixos nuca atingiram a meta dos 2% do PIB para a Defesa, mas prometeu que esse objetivo será cumprido este ano. O seu governo tem tido também um papel de destaque no apoio à Ucrânia, liderando a iniciativa de fornecer a Kiev aviões de caça – os Países Baixos estão a preparar a entrega de 24 F-16 a Kiev durante este ano. Há dias, em Munique, Rutte falou sobre a guerra na Ucrânia, dizendo que apenas Kiev pode desencadear negociações com Moscovo. “Mas quando isso acontecer, também teremos de nos sentar com os Estados Unidos, no âmbito da NATO, e coletivamente com os russos para discutir futuras disposições de segurança entre nós e os russos”.
Já sobre Trump, o ainda primeiro-ministro neerlandês referiu na mesma ocasião que os europeus deviam “parar de queixar-se e de reclamar” e gastar mais na Defesa e aumentar a produção de munições, não apenas porque o republicano poderá regressar à Casa Branca. “Temos de trabalhar com quem está na pista de dança”, rematou.