Diário de Notícias

Mãe de Navalny denuncia chantagem

- C.A.

Ao fim de vários dias a pedir para ter acesso ao corpo de Alexei Navalny, Lyudmila Navalnya informou através de um vídeo ter sido encaminhad­a “de forma secreta para uma morgue” onde foi mostrado o filho. Na mesma ocasião acusou as autoridade­s russas de tentativa de chantagem para que o enterro se processass­e em segredo.

“O tempo não está do seu lado, os cadáveres decompõem-se”, terão dito as autoridade­s à mãe do ativista que expôs a corrupção do regime russo, que viajou até Salekhard, a capital do distrito de Yamalo-Nenetsia, a região do extremo norte onde Navalny morreu no dia 16. Segundo a sua mãe, os investigad­ores determinar­am a causa da morte: “Natural”. Lyudmila Navalnya explicou que gravou o vídeo porque estava a ser ameaçada. “Querem que tudo seja feito em segredo, sem cerimónias, querem levar-me para a beira de um cemitério, junto a uma campa rasa, e dizer-me ‘aqui está o seu filho’. Não concordo com isso”, disse, desafiador­a. “Quero que vocês, aqueles para quem Alexei era um ente querido, para quem a sua morte foi uma tragédia pessoal, possam despedir-se dele”, prosseguiu.

A família de Navalny apresentou uma ação em tribunal para que o corpo seja devolvido. Segundo a agência russa TASS, a audiência foi marcada para 4 de março. Dos Estados Unidos chegou o apoio da Casa Branca. “Ela deve poder recolher o corpo do seu filho para que possa prestar homenagem à sua coragem e dedicação e fazer todas as coisas que qualquer mãe gostaria de fazer por um filho perdido de uma forma tão trágica”, disse o porta-voz John Kirby.

O presidente dos EUA, por sua vez, recebeu em São Francisco a viúva e a filha de Navalny, Yulia e Dasha, enquanto o Departamen­to de Justiça anunciou acusações contra vários oligarcas russos, caso do banqueiro Andrei Kostin, à frente do segundo maior banco russo, VTB. Também o Reino Unido aprovou um novo pacote com 50 novas sanções económicas a Moscovo, um dia depois de a União Europeia ter aprovado o 13.º pacote de medidas que atinge quase 200 pessoas e entidades.

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