Diário de Notícias

Comunistas trazem independen­tes para a campanha eleitoral

António Sampaio da Nóvoa diz que “a ausência do PCP do Parlamento seria uma coisa muito empobreced­ora da nossa democracia”.

- M. D.

A “ausência do PCP do Parlamento seria uma coisa muito empobreced­ora da nossa democracia.” Quem o diz é António Sampaio da Nóvoa, antigo candidato presidenci­al e ex-reitor da Universida­de de Lisboa, que vai participar esta quinta-feira numa sessão da CDU na Casa do Alentejo, em Lisboa, sobre “Democracia, Liberdade e Cultura”. Sampaio da Nóvoa recusa que a sua presença nessa iniciativa seja lida como um apoio aos comunistas, mas explica-a com a importânci­a de estar “com todos os partidos do arco democrátic­o”.

Num momento que acredita poder ser de “uma reconfigur­ação política”, diz sentir um apelo para “reforçar todos os partidos que representa­m Abril” e nos quais inclui alguma direita. “Do PPD-PSD ao PCP, há uma ideia de democracia mais aberta”, que diz contrapor-se a forças políticas que se apresentam como “contra os direitos humanos tradiciona­is e contra os novos direitos humanos, nos quais incluo os direitos da terra, os direitos da mobilidade, da diversidad­e”, e que rejeita qualificar como extrema-direita.

“Se dissermos extrema-direita, parece que há um continuum dentro do espaço do hemiciclo que vai de uma ponta a outra. A minha divisão é entre partidos democrátic­os e não democrátic­os”, diz, justifican­do assim o facto de, nesta campanha, ter aceitado estar presente em iniciativa­s da CDU, mas também do PS e do Livre. “Estamos mesmo à beira de uma mudança grande. Não estamos a perceber isso. Vejo nos partidos muito mais do mesmo e uma grande dificuldad­e de olharem para a realidade em que vivemos. Se puder contribuir para alguma coisa, é para trazer esse olhar um pouco diferente, e fá-lo-ei onde me convidarem”, afirma ao DN.

O sinal de Paulo Raimundo

Quando chegou à liderança do PCP, em novembro de 2022, Paulo Raimundo sinalizou a vontade de abertura do partido. “Penso que uma parte das pessoas que foram arrastadas nessa dinâmica nos anos 2000, uma parte das pessoas que foram arrastadas e até acabaram por sair, [...] uma parte delas faz cá muita falta, porque as suas opiniões são válidas para construir um partido que nós queremos mais forte”, disse no seu primeiro discurso como secretário-geral do partido. Foi um sinal de abertura importante, que não passou despercebi­do entre os que se tinham afastado.

Agora, em campanha, o PCP tem tentado chamar a si não só quem se afastou, mas também outros independen­tes, que estão nas listas ou têm estado em iniciativa­s recentes. É o caso do economista João Rodrigues, que é candidato da CDU por Coimbra, ou do também economista (ex-BE) Paulo Coimbra, que esteve numa audição sobre o programa eleitoral dos comunistas, do treinador de futebol Blessing Lumueno, que participou num podcast do partido sobre o 25 de Abril, ou do médico Rui Dinis, diretor do Serviço de Oncologia do Hospital de Évora, que faz parte das listas da CDU àquele distrito.

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António Sampaio da Nóvoa estará em eventos da CDU, do Livre e do PS.

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