Trégua não vai evitar incursão militar em Rafah, diz Netanyahu
PM israelita mostra esperança num novo acordo para a libertação de reféns, mas diz que o mesmo apenas adiará a invasão à cidade no sul do enclave.
As negociações para uma trégua na guerra Israel-Hamas prosseguem no Qatar e o primeiro-ministro israelita afirma-se interessado nela, porém a mesma não vai evitar uma incursão em Rafah, quanto muito atrasá-la, disse em entrevista.
Benjamin Netanyahu disse ter esperança num acordo de cessar-fogo que possibilite a libertação de reféns por parte do Hamas, apesar das “exigências absurdas” iniciais, afirmou. Em entrevista à CBS News, o chefe do governo israelita disse que as forças do seu país destruíram 18 dos 24 batalhões do Hamas e que não podem deixar o último reduto da organização palestiniana – em Rafah – “sem acabar com ele”. Disse ter pedido um plano duplo ao exército (retirada de civis e a destruição do Hamas), pelo que a invasão é dada como certa. “Se chegarmos a um acordo [de trégua], será adiado um pouco. Mas vai acontecer.”
Negociadores do Egito, Qatar, EUA e Israel retomaram, em Doha, as conversações sobre uma trégua em Gaza, noticiou uma estação de TV egípcia. “Estas discussões entre tecnocratas serão seguidas de reuniões no Cairo”, onde os chefes dos serviços secretos egípcios, americanos e israelitas e o primeiro-ministro do Qatar se reuniram a 13 de fevereiro, refere o Al Qahera News. As conversações “são um desenvolvimento do que foi discutido em Paris”, acrescentou o canal. Em Washington, o conselheiro de segurança nacional de Joe Biden confirmou os avanços nas negociações, ao falar de um “consenso entre os quatro sobre as linhas gerais” de um possível acordo sobre a libertação dos reféns e “um cessar-fogo temporário”, disse Jake Sullivan à CNN.
Os EUA e o Reino Unido voltaram a bombardear alvos Houthis, na quarta operação conjunta desde que os dois países iniciaram ataques contra as posições dos rebeldes xiitas, em meados de janeiro. Segundo o comunicado conjunto dos EUA e Reino Unido, o ataque com aviões de caça atingiu oito locias e 18 alvos, entre depósitos de mísseis subterrâneos, sistemas de defesa aérea, radares e um helicóptero, e contou com o apoio da Austrália, Bahrein, Canadá, Dinamarca, Países Baixos e Nova Zelândia.
Em resposta, os Houthis atacaram o petroleiro MV Torm Thor no Golfo de Adém, anunciou o porta-voz militar do grupo armado, Yahya Sarea. Os Houthis atacaram o petroleiro de bandeira norte-americana com “uma série de mísseis navais apropriados”, disse Sarea. Já o Comando Central dos EUA (CENTCOM) informou que o USS Mason abateu um míssil balístico antinavio lançado no Golfo de Adém a partir de áreas controladas pelos Houthis no Iémen, e que provavelmente tinha como alvo o petroleiro. Os rebeldes islamistas atacam as rotas marítimas alegando solidariedade para com os palestinianos em Gaza.