Diário de Notícias

Zelensky revela número de soldados mortos e ministro lamenta atrasos dos aliados

Ucrânia perdeu 31 mil militares em dois anos. Há atrasos em metade das entregas de armas e munições.

- TEXTO CÉSAR AVÓ

Ao fim de dois anos e um dia da invasão ao seu país, o presidente Volodymyr Zelensky revelou o número de perdas entre os combatente­s. “Foram mortos nesta guerra 31 mil militares ucranianos. Não foram 300 mil, nem 150 mil, nem o que quer que Putin e o seu círculo enganador tenham andado a mentir. Mas, mesmo assim, cada uma destas perdas é um grande sacrifício para nós”, disse durante o fórum Ucrânia. Ano 2024, em Kiev.

É a primeira vez desde 24 de fevereiro de 2022 que as autoridade­s ucranianas informam sobre o número de mortos. Este número coincide com uma estimativa realizada em novembro por um grupo ucraniano que mantém o site The Book of Memory. Com base em fontes abertas, os autores do projeto apontavam então para 30 mil mortos.

Quanto aos feridos e desapareci­dos, Zelensky recusou partilhar esse dado, alegando que tal iria favorecer o planeament­o militar russo. No que respeita aos civis, o presidente ucraniano calcula em “dezenas de milhares” os mortos nas regiões ocupadas pela Rússia, mas admite não saber o número. No seu mais recente relatório, com dados até dia 15, a missão de observação dos direitos humanos da ONU na Ucrânia indicou que desde 24 de fevereiro de 2022 morreram 10.582 civis ucranianos e 19. 875 foram feridos.

Do lado russo, oficialmen­te morreram 6000 militares, de acordo com um balanço de janeiro do ano passado. Segundo o site noticioso independen­te russo Mediazona, cerca de 75 mil russos morreram em combate em 2022 e 2023. Em dezembro passado, um relatório desclassif­icado dos serviços secretos norte-americanos apontava para 315 mil militares russos mortos e feridos na Ucrânia, ou seja, quase 90% dos soldados mobilizado­s para a “operação militar especial”.

Antes de Zelensky, o ministro da Defesa voltou a lembrar que o desempenho das forças ucranianas está dependente da ajuda dos parceiros e aliados – e estes não têm cumprido o prometido. “Atualmente, o compromiss­o não equivale a uma entrega. Cinquenta por cento dos compromiss­os não são cumpridos a tempo”, lamentou Rustem Umerov. durante o fórum dedicado ao segundo aniversári­o da invasão russa. Para Umerov o atraso na ajuda significar­á que Kiev “perderá pessoas, perderá território­s”, em especial tendo em conta a “superiorid­ade aérea” da Rússia.

Sabotagem na Polónia

O governo de Kiev denunciou entretanto uma ação de sabotagem na Polónia. Segundo o vice-primeiro-ministro Oleksandr Kubrakov 160 toneladas de cereais foram derramados dos vagões de um comboio que seguia para Gdansk, e que teriam como destino a exportação para países terceiros. Kubrakov disse que este foi o quarto caso de vagões atacados. Os agricultor­es polacos estão desde dia 9 a bloquear os postos fronteiriç­os com a Ucrânia, queixando-se de concorrênc­ia desleal. Segundo o porta-voz dos serviços de informaçõe­s da Defesa da Ucrânia, AndriiYuso­v, os serviços secretos russos estão a explorar a tensão na fronteira para aumentar os sentimento­s antiucrani­anos na UE, em especial na Polónia.

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Líder ucraniano não revela dados relativos a feridos.

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