Derrotada, mas não vencida. Nikki Haley prossegue cruzada contra Trump
A única candidata que acompanha o ex-presidente na corrida à nomeação republicana às eleições presidenciais só conheceu a derrota, mas quer preparar o seu futuro político e conta com financiamento.
Mais uma eleição primária, mais uma vitória para Donald Trump. Desta vez na Carolina do Sul, o estado de Nikki Haley. Mas a corrida a dois para a nomeação republicana do candidato às eleições presidenciais, apesar de só contar com vitórias do ex-presidente, assim vai continuar, pelo menos até à chamada super terça-feira. “Nos próximos 10 dias, mais 21 estados e territórios irão pronunciar-se”, disse Haley no sábado à noite, ao saber que tinha ficado cerca de 20 pontos abaixo de Trump. “Eles têm o direito a uma verdadeira escolha, não a uma eleição ao estilo soviético com apenas um candidato. E eu tenho o dever de lhes dar essa escolha”, explicou.
Os 91 crimes pelos quais Trump está acusado continuam a não ter peso para os eleitores das primárias republicanas – aliás, segundo o próprio as acusações criminais e a fotografia policial são um bónus junto dos eleitores negros. Depois do Iowa, New Hampshire, Nevada e Ilhas Virgens, Trump venceu na Carolina do Sul, onde Nikki Haley nasceu, cresceu, foi representante e governadora. Alguns observadores classificaram o resultado de humilhante para Haley, mas esta não se mostrou derrotada ao falar para os seus apoiantes, em Charleston. “O que eu vi hoje foi a frustração da Carolina do Sul com o rumo do nosso país.Vi essa mesma frustração a nível nacional.” E depois virou-se para o seu adversário: “Não vamos sobreviver a mais quatro anos de caos de Trump.” Além disso, também mostrou não acreditar na capacidade do empresário em chegar à Casa Branca. “Em vez de me perguntarem quais os estados que vou ganhar, porque não questionam como é que ele [ Trump] vai ganhar uma eleição presidencial depois de passar um ano inteiro em tribunal? Não acredito que Donald Trump possa vencer Joe Biden.” E concluiu: “Disse no início desta semana que, independentemente do que acontecesse na Carolina do Sul, continuaria na corrida. Sou uma mulher de palavra.”
Haley – que volta à liça já esta terça-feira com Trump, desta vez no Michigan – quer mostrar-se como a líder da ala tradicional do partido, ala dinamitada nas últimas décadas, primeiro pelo movimento Tea Party, depois pelo MAGA (Make America Great Again). Isso mesmo afirmou no sábado, ao realçar que a sua percentagem de cerca de 40% “não é um grupo minúsculo”, mas um sinal de que existe “um grande número de eleitores” republicanos que quer uma alternativa a Trump.
Além da ausência de casos na justiça, a ex-embaixadora dos EUA nas Nações Unidas tem a seu favor o dinheiro. Em janeiro, Nikki Haley e a sua campanha recolheram 23 milhões de dólares, enquanto o campo do adversário eleitoral arrecadou 16 milhões.
Ao The Washington Post, um funcionário do comité político de Haley disse que há mais motivos para continuar a corrida além da vitória e que as primárias tornaram-se numa espécie de “cruzada” contra o favorito e o que representa. Uma cruzada que leva a candidata de 52 anos a ter reconhecimento nacional, construindo as bases para uma nova candidatura em 2028. Isto se entretanto, por algum motivo extra político, Haley não tiver de avançar este ano.
“Só quero dizer que nunca vi o Partido Republicano tão unido como está agora. Podem festejar durante cerca de 15 minutos, mas depois temos de voltar ao trabalho.” Donald Trump Candidato à nomeação republicana