Diário de Notícias

Padre de Viseu condenado por coação sexual

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Um padre de Viseu que estava acusado de tentativa de coação sexual agravada e aliciament­o de um menor para fins sexuais foi ontem condenado a um ano e 11 meses de prisão, pena suspensa na execução. A pena fica suspensa por um período de três anos, sujeita a regime de prova, estando o padre obrigado a frequentar um programa de reabilitaç­ão para agressores sexuais de crianças e jovens e a avaliação psicológic­a e psiquiátri­ca. O padre Luís Miguel Costa foi ainda condenado pelo Tribunal de Viseu à pena acessória de proibição de exercer profissão, emprego, funções ou atividades públicas ou privadas cujo exercício envolva contacto regular com menores, por um período de dez anos. No que respeita ao pedido de indemnizaç­ão de 30 mil euros feito pela família do menor, o tribunal aceitou-o em parte, estipuland­o 10 mil euros (mais juros de mora).

Há um mês, o Financial Times publicou um artigo sobre como nos últimos tempos a visão política dos jovens, em termos globais, se tem dividido de forma muito vincada em termos de género. “A Geração Z é duas gerações, não uma”, lê-se no artigo, assinado por John Burn-Murdoch, e que cita a investigad­ora Alice Evans, da Universida­de de Stanford.

“Em países de todos os continente­s, verifica-se uma divisão [gap] de género entre os jovens e as jovens”, diz Burn-Murdoch, que exemplific­a com os EUA: “Depois de décadas em que ambos os sexos se dividiam igualmente entre as visões do mundo liberal e conservado­ra, as mulheres dos 18 aos 30 estão agora 30 pontos percentuai­s mais liberais que os seus contemporâ­neos masculinos. Esta divisão levou apenas seis anos a cavar-se.”

Podíamos aventar que se trataria de um efeito da era Trump e do que ela trouxe em termos de recuo nos direitos das mulheres – desde logo, a reversão pelo Supremo Tribunal da decisão de 1973 que declarara o aborto um direito constituci­onal. Mas o mesmo, com a mesmíssima diferença, se passa na Alemanha, e o Reino Unido anda perto: 25 pontos percentuai­s. Já na Polónia, país onde nem sequer é reconhecid­o o direito à interrupçã­o da gravidez e só na semana passada se assistiu a uma votação parlamenta­r favorável à liberaliza­ção da venda da pílula do dia seguinte (de venda livre nas farmácias da generalida­de dos países europeus há décadas), cerca de 50% dos homens dos 18 aos 22 apoiavam, em 2023, o partido de extrema-direita, contra apenas um sexto das mulheres da mesma idade.

Para não se pensar que se trata de uma tendência apenas ocidental, o jornalista do FT adianta que esta se observa – mais acentuada ainda – na Coreia do Sul, China e Tunísia. E, aparenteme­nte, em Portugal: um estudo dos politólogo­s Pedro Magalhães e João Cancela sobre as legislativ­as de 2022 aponta para que, caso só mulheres tivessem votado, a esquerda teria conseguido mais lugares e o PS ainda mais vantagem na sua maioria absoluta, com o Chega a só eleger seis deputados (metade dos que sentou na Assembleia da República). O contrário ocorreria se votassem apenas homens: o Chega somaria 15 lugares e o PS não alcançaria a maioria.

Esta divisão terá, segundo um artigo de 31 de janeiro no Público que cita o trabalho de Pedro Magalhães, continuado a verificar-se ao longo de 2023, com o Chega a notabiliza­r-se como o partido que mais afastament­o provoca entre mulheres e homens.

Não sendo segredo que os partidos de esquerda/liberais (ou menos de direita/conservado­res) tendem a ser muito mais favoráveis a políticas que promovem a igualdade de género e o reconhecim­ento dos direitos sexuais e reprodutiv­os das mulheres, a verdade é que a reportada divisão ideológica/política entre mulheres e homens parece, como fenómeno global, ser muito mais recente que

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