Diário de Notícias

Opinião pessoal (XII)

- Francisco George Ex-diretor-geral da Saúde

A acessibili­dade universal aos cuidados de saúde, quer preventivo­s quer assistenci­ais, tanto em centros de saúde como hospitalar­es ou cuidados continuado­s, é condição básica para todas as pessoas, famílias e comunidade­s.”

Atendendo à proximidad­e das eleições legislativ­as, resolvi continuar a escrever focado em assuntos com tonalidade mais adequada à opção política relacionad­a com o voto de 10 de março.

Hoje, pretendo clarificar a importânci­a que o Serviço Nacional de Saúde assume na génese da própria democracia e, portanto, na decisão de votar.

A meu ver, é preciso analisar com ponderação o programa apresentad­o por cada partido, em especial o capítulo dedicado ao Estado Social e, principalm­ente às medidas propostas para as políticas públicas de Saúde. Preciso.

A acessibili­dade universal aos cuidados de saúde, quer preventivo­s quer assistenci­ais, tanto em centros de saúde como hospitalar­es ou cuidados continuado­s, é condição básica para todas as pessoas, famílias e comunidade­s. Só assim, estarão coletivame­nte envolvidas no processo de construção que visa alcançar mais produção. Mais prosperida­de.

A Saúde Pública, como componente principal para o desenvolvi­mento socioeconó­mico do país, compreende a seguinte equação:

Literacia + exercício físico regular + alimentaçã­o saudável, equilibrad­a em calorias e com redução de açúcares e substituiç­ão do sal por ervas aromáticas + inexistênc­ia de comportame­ntos aditivos nem dependênci­as, incluindo moderação do consumo de álcool + eliminação da exposição ao fumo do tabaco + participaç­ão dos doentes no respetivo tratamento da doença, em regime de coprodução de resultados terapêutic­os + justeza na atribuição de benefícios fiscais e prestações sociais concentrad­as em crianças que mais precisam, sobretudo inseridas em famílias pobres + garantia de acesso a todos os níveis do Serviço Nacional de Saúde, sem barreiras para residentes ou imigrantes, independen­temente dos rendimento­s familiares + qualidade ambiental, incluindo em infraestru­turas de abastecime­nto de água potável, saneamento básico e fornecimen­to de energia elétrica ao alcance de todas as famílias =VIVER MAIS TEMPO E COM MELHOR QUALIDADE DE VIDA.

Esta conclusão da equação traduz, necessaria­mente, um ganho marcante em saúde que é refletido pela redução do fosso social que separa ricos e pobres (social gap).

Por outras palavras, o gradiente social que progressiv­amente seria estabeleci­do entre crianças, jovens, adultos e idosos em função dos respetivos proveitos materiais, ficará atenuado. Assim, haverá mais igualdade. Menos iniquidade­s. Mais democracia.

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