Diário de Notícias

João Sousa. Quando o melhor de sempre diz adeus

Vimaranens­e vai despedir-se dos courts no Estoril Open, torneio que venceu em 2018 e que este ano começa no dia em que faz 35 anos. Conquistou quatro torneios ATP e chegou a n.º 28 da hieraquia mundial. “O meu corpo e mente têm mostrado sinais extremos de

- TEXTO ISAURA ALMEIDA

Tenista João Sousa emocio nou-se no momento de agradecer à família e ao treinador.

C “ansado de lutar contra o corpo e a mente”, João Sousa anunciou ontem o fim da carreira. O melhor tenista português de todos os tempos vai despedir-se no Estoril Open, torneio português que venceu em 2018 e que este ano se realiza de 30 de março (dia em que o celebra 35 anos) a 7 de abril no Clube de Ténis do Estoril.

“Os últimos tempos têm sido difíceis para mim, tenho tido uma série de lesões que me têm impedido de jogar ao mais alto nível e poder desfrutar dentro do campo. Tenho lutado contra mim mesmo, mas o meu corpo e a minha mente têm mostrado sinais extremos de cansaço e dores diárias. Após um período de muita reflexão queria comunicar que decidi retirar-me do ténis profission­al e que o Estoril Open deste ano será o último da minha carreira”, anunciou o tenista num emotivo discurso, no Complexo de Ténis do Jamor.

As mazelas físicas sofridas nos últimos anos, sobretudo a fissura no pé esquerdo que o obrigou a terminar precocemen­te a temporada de 2019, e mais recentemen­te o sistemátic­o problema nas costas, precipitar­am o final da carreira aos 34 anos.

Estoril Open 2018 entre os quatro torneios ATP ganhos

O tenista natural de Guimarães (30 de março de 1989) venceu quatro títulos ATP em 17 temporadas. O primeiro troféu foi conquistad­o na Malásia, no dia 29 de setembro de 2013. João Sousa tinha 24 anos quando bateu Julien Benneteau pelos parciais de 2-6, 7-5 e 6-4 na final de Kuala Lumpur. Fez o que até ali nunca um português tinha feito e repetiu o feito em Valência dois anos depois.

No dia 3 de novembro de 2015, derrotou Roberto Bautista Agu, por 3-6, 6-3 e 6-4 e ergueu o segundo troféu de uma carreira em crescendo e que conheceu o ponto mais alto em Portugal, após conhecer a glória no Millenium Estoril Open, depois de bater Frances Tiafoe em dois sets (duplo 6-4). Depois passou por momentos menos bons devido a lesões e questões de saúde mental, mas voltou a vencer um torneio. No dia 6 de fevereiro de 2022, já fora do top 100 (137 do ranking ATP), Sousa bateu Emil

Ruusuvuori, pelos parciais de 7-6, 6-4 e 6-1, e festejou em Pune o quarto torneio ATP da carreira.

“Esta decisão vem com muitas emoções muito fortes, mas olhando para trás sinto orgulho no que alcancei e no legado que deixo. Durante este percurso tive a honra de representa­r Portugal em torneios em todo o planeta. Sinto orgulho pelo que atingi e gosto de pensar que contribuí para o desenvolvi­mento do ténis em Portugal. Ficam as memórias inigualáve­is, não só no ténis, mas também no meu coração”, acrescento­u o tenista, emocionado e tentando segurar as lágrimas no momento em que agradeceu à família e ao treinador de sempre, Frederico Marques, com quem começou a trabalhar ainda na BTT Ténis Academy, em Barcelona, onde chegou aos 15 anos.

Chegou a n.º 28 do mundo em maio de 2016

No dia 16 de maio de 2016, Sousa tornou-se o número 28 do mundo, consagrand­o-se como o melhor tenista português de sempre. E ainda sem concorrênc­ia à altura: Nuno Borges é 47.º da hierarquia ATP, Gastão Elias ( 57.º), Rui Machado (59.º) e Frederico Gil (62.º). Nem chegaram a entrar no top 50.

Além de ter vencido quatro títulos ATP, chegou a outras oito finais e atingiu os oitavos de final de dois Grand Slams. Até Nuno Borges chegar aos quartos de final do Open da Austrália, João Sousa era o único português a atingir uns oitavos de final de um major: O Open dos EUA 2018 (derrotado por Novak Djokovic) e Wimbledon 2019 (derrotado por Rafael Nadal por um triplo 6-2). Esse é aliás um dos resultados que gostaria de mudar se voltasse ao passado. O outro era um duelo em Halle, que em 2014 perdeu com Rogar Federer (6-7, 6-4 e 6-2).

O vimaranens­e também brilhou em pares ao ser semifinali­sta do Open da Austrália de 2019 e chegar à final do Masters 1000 de Roma em 2018. E represento­u Portugal em dois Jogos Olímpicos (Rio 2016 e Tóquio 2020).

Futuro passa por ajudar a crescer o desporto

Na mensagem de despedida, e depois de endereçar agradecime­ntos à Federação Portuguesa de Ténis, ao presidente Vasco Costa, aos patrocinad­ores, aos fãs e à comunicaçã­o social, João Sousa deixou ainda uma garantia: “O meu compromiss­o com o ténis e com o desenvolvi­mento desportivo em Portugal permanece inabalável. Mantenho o desejo de tentar fazer crescer o desporto em Portugal. Os próximos tempos serão passados e dedicados a pensar no futuro e a escolher os meus próximos desafios, aos quais vou dar todo o entusiasmo, resiliênci­a e espírito de conquista em toda a minha carreira.”

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