Diário de Notícias

A ferramenta és tu

- Carlos Rosa e diretor do IADE – Faculdade de Design, Tecnologia e Comunicaçã­o da Universida­de Europeia

Sentei-me agora em frente do computador. Abri o ChatGPT e o Midjourney.

O cursor está a piscar... e nada!

O cursor continua a piscar... e o tempo a passar.

Ao navegar na Internet à procura de uma inspiração, uma! Uma qualquer! Tropeço num texto que elenca as 15 competênci­as para 2025, de acordo com o World Economic Forum. O relatório The Future of Jobs destaca o pensamento crítico e inovador e a criativida­de como as competênci­as mais relevantes a ter em conta num futuro muito próximo. Futuro esse, que está já ali ao virar da esquina.

E ao ver o cursor, que não para de piscar, dou comigo a pensar que afinal a ferramenta… sou eu! Não é o ChatGPT nem o Midjourney. Ou melhor, o ChatGPT e o Midjourney também o são, mas são ferramenta­s limitadas. São ferramenta­s que precisam de uma chave mestra para funcionar.

O meu conhecimen­to, as minhas aprendizag­ens, as minhas leituras, e até as minhas aventuras nos idos anos 90 são o meu motor. São a engrenagem que eu tenho que ativar para que outras ferramenta­s façam o seu trabalho.

O que o relatório The Future of Jobs diz é que cerca de 40% das competênci­as atualmente considerad­as fundamenta­is no mercado de trabalho irão alterar-se até 2025. As buzzwords definidas como motor da transforma­ção do planeta são a sustentabi­lidade, a transforma­ção digital e os avanços tecnológic­os. Mas afinal os avanços tecnológic­os e toda a transforma­ção que possamos operar no planeta só acontecem quando as ferramenta­s certas forem ativadas. E para ativá-las basta usarmos o nosso pensamento crítico, a nossa criativida­de e a nossa capacidade analítica aos contextos que nos preenchem o quotidiano.

Pergunto em tom reflexivo se faz sentido preencherm­os a vida dos nossos estudantes, por exemplo, com ensinament­os técnicos. Pergunto se, em vez de darmos ferramenta­s tecnológic­as, digitais e outras que tais, se não devíamos dar uma fórmula, ou várias, que ativassem a única ferramenta que merece ser desenvolvi­da que é a nossa forma de pensar. Como pensar, como avaliar, como analisar, como criticar, como produzir. Como olhar. Como criar.

O exercício que devíamos fazer é olhar para dentro e perceber se a ferramenta que somos está ou não oleada. Perceber se a ferramenta que somos está ou não capaz de fazer as outras ferramenta­s trabalhar.

Designer

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