Diário de Notícias

Olmert alerta para perigo de um ataque a Rafah

Famílias dos reféns feitos pelo Hamas iniciaram uma marcha de quatro dias por várias cidades a exigir a sua libertação. Olmert diz que ataque a Rafah vai prejudicar a imagem de Israel junto da comunidade internacio­nal e colocar em perigo o acordo de paz c

- TEXTO ANA MEIRELES COM AGÊNCIAS

Marcha de quatro dias pela libertação dos reféns tem como destino Jerusalém.

Oex-primeiro-ministro israelita Ehud Olmert advertiu ontem que uma eventual incursão militar do exército em Rafah, onde se concentram mais de 1,3 milhões de civis palestinia­nos, poderá terminar com a “paciência da comunidade internacio­nal”. “A paciência da comunidade internacio­nal chegou a tal ponto que não creio ser possível que consigam assimilá-lo”, considerou o ex-chefe de governo israelita, apontando que entre os países que considerar­iam inaceitáve­l uma operação terrestre em larga escala em Rafah – localizada no sul da Faixa de Gaza e junto à fronteira com o Egito – estão os Estados Unidos, o principal aliado do Israel.

Olmert também assinalou que uma das consequênc­ia imediatas seria a provável revogação pelo Egito do tratado diplomátic­o firmado há 45 anos com Israel e pelo qual os dois países assinaram um amplo acordo de paz sob mediação dos Estados Unidos. “Pode fazer em pedaços o acordo de paz entre Israel e o Egito (...). É um risco que não podemos correr”, assinalou Olmert ao frisar que o regime egípcio “veria com bons olhos” o fim do Hamas, mas que o preocupa a possível reação do seu povo face à morte de mais civis palestinia­nos.

Há menos de duas semanas, o primeiro-ministro israelita, Benjamin

Netanyahu, prometeu uma “operação poderosa” em Rafah, “depois” de as forças israelitas permitirem a saída de civis desta cidade no sul da Faixa de Gaza. Uma ação que vai contra os avisos feitos por aliados, incluindo os Estados Unidos, e organizaçõ­es internacio­nais, alarmadas com potenciais consequênc­ias humanitári­as.

Marcha pelos reféns

As famílias dos reféns feitos a 7 de outubro pelo Hamas durante o ataque a território israelita iniciaram ontem uma marcha de quatro dias para exigir a sua libertação.

A marcha, que começou no kibutz Reim, onde ocorreu o violento ataque do grupo islamista durante o festival Nova, dirige-se para

Jerusalém, segundo o diário The Times of Israel. Está previsto que a marcha atravesse muitas cidades no trajeto até Jerusalém, para pedir à população que se junte ao longo do caminho.

“No final do percurso, não vamos encontrar-nos com Eli, nem com Yossi, nem com a família de Eli, que foram todos assassinad­os”, disse Matalon, cunhado dos reféns Eli Sharabi e Yossi Sharabi, este último morto em cativeiro. “Recordamos os dias que toda a família passava aqui. Dias de piquenique, dias de alegria, dias de amor pela natureza e pelos outros. Dias em que não acordávamo­s tristes todas as manhãs”, acrescento­u.

Yuli Ben Ami, filha de Raz Ben Ami (que foi libertada) e de Ohad Ben Ami (que continua refém), agradeceu aos manifestan­tes, às forças de segurança e à equipa do Fórum de Reféns e Familiares Desapareci­dos, que organizou a marcha, e explicou que a mãe foi libertada ao fim de 54 dias de cativeiro.

Entre os participan­tes está também Sharon Alony Cunio, libertada depois de ter sido mantida em cativeiro com as duas filhas gémeas de três anos. O marido, David Cunio, continua sequestrad­o pelo Hamas. “Não pude marchar da última vez”, observou, afirmando que “desta vez, o faz pelo marido e por todos os reféns”.

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