“Atentado à bomba num café de Bissau”
ODiário de Notícias resumia a uma breve publicada na página 5 a notícia mais importante da sua edição de 1 de março de 1974: na Guiné, a ação dos independentistas tinha chegado ao centro da capital da província, Bissau.
E tinha chegado sob a forma de, como o jornal sinteticamente titulou, “atentado à bomba num café de Bissau”, depois descrito no corpo da notícia simplesmente como “ato de terrorismo”.
O que se seguia na notícia era a lista das vítimas. Feridos graves: o furriel miliciano Joaquim António Machado Romano, bem como os cabos António Marques Silva, António Manuel Genito Fernandes e Mário Domingos Barreto.
Já os feridos ligeiros foram os furriéis milicianos José Augusto Pires Pinheiro, José Alberto Ribeiro Diamantino, Duarte Agostinho e João Firmino Silva Mateus, os primeiros cabos Amândio José Rodrigues e Joaquim Silva Rodrigues e os soldados António José Pereira Mirante Carlos dos Matos e Fernando Alvim Oliveira Sousa.
E estava tudo dito. Imediatamente acima, os editores do jornal colocaram outra notícia, igualmente a uma só coluna, mas um pouco mais extensa em comprimento.
Rezava assim: na sede das Nações Unidas em Nova Iorque a delegação portuguesa tinha posto a circular uma resolução aprovada pela chamada “Assembleia Nacional da Guiné Portuguesa” onde se afirmava como “ilegítima” e “completamente destituída de sentido” qualquer reivindicação de independência que não fosse feita a partir das autoridades representantes da potência colonial (em setembro de 1973, o PAIGC havia declarado a independência unilateral do território).
“A resolução repudia e rejeita uma pequena minoria que ataca o povo guineense com armas estrangeiras, infligindo-lhe enormes perdas de vidas e de propriedades, bem como sofrimentos graves”, lia-se na notícia. A qual prosseguia citando a resolução: “Somos livres e agimos com total liberdade e a nossa autodeterminação é a de continuarmos Portugueses.”
Segundo o que havia sido aprovado, a “Guiné Portuguesa” desejava “permanecer na Comunidade Portuguesa, tal como tem estado durante séculos e mantendo esse princípio firme e adotado livremente”.