Diário de Notícias

TAVARES E A AD: “HÁ QUESTÕES EM QUE PODEMOS DIALOGAR”

Porta-voz do Livre diz que com a “direita democrátic­a” é possível “fazer muita coisa em conjunto que é necessária para melhorar a nossa democracia”. Exclui no entanto acordos sobre o SNS porque as propostas não são “o que a maior parte das pessoas quer”.

- TEXTO JOÃO PEDRO HENRIQUES

Não compete apenas à Aliança Democrátic­a (AD) e aos seus partidos que terão assento parlamenta­r (PSD e CDS) o isolamento do Chega. A esquerda também tem um papel nesse esforço e ontem isso foi claramente sinalizado pelo líder (e cabeça de lista em Lisboa) do Livre.

Rui Tavares fê-lo salientand­o que as hipóteses de diálogo da AD podem incluir partidos à sua esquerda – começando pelo seu próprio partido.

Questionad­o sobre cenários pós-eleitorais, Tavares afirmou que “a direita democrátic­a tem de ter com quem dialogar”. E isto porque – segundo acrescento­u – se “não conta com a extrema-direita para nada” então “é possível fazer muita coisa em conjunto que é necessária para melhorar a nossa democracia”. Ou seja: “Há caminho a fazer, não é em tudo, não temos a mesma visão sobre o SNS. A direita propõe coisas para o SNS que não é o que a maior parte das pessoas quer, porque têm medo de perder o que lhes tem servido, mas há questões democrátic­as nas quais podemos dialogar.”

Tavares falava com jornalista­s à margem de uma visita ao Centro de Saúde de Odemira.

Mais tarde, em Faro, ver-se-ia obrigado a esclarecer o sentido da

sua afirmação porque “não deve haver nenhum mal-entendido acerca da posição do Livre” nem, “acima de tudo, a interpreta­ção de que essa posição tenha mudado”. “O Livre, se houver uma maioria à esquerda, é parte da solução, se houver uma maioria à direita, é parte da oposição”, salientou.

Dizendo que há “uma distância

enorme em relação à direita”, explicou que isso ocorre em “matérias centrais à governação”, como política económica, política social, SNS, fiscalidad­e e escola pública.”

Porém – acrescento­u – a esquerda deve ter “a capacidade de ter um diálogo com o centro e com a direita democrátic­a em questões que têm a ver com a ‘saúde’ da nossa democracia” e essas questões passam pela instituiçã­o de um círculo de compensaçã­o nacional nas legislativ­as, pelo combate à corrupção e pela reforma da justiça. São matérias em que “todos os democratas devem entender-se para precisamen­te identifica­r e isolar ameaças à democracia, que vêm da extrema-direita”.

“Não sei se viram alguma coisa sobre Sá Carneiro e Freitas do Amaral, mas estou certo [que] isto não é AD nenhuma, é um prostíbulo espanhol.”

André Ventura

Presidente do Chega

“Estou farto de dizer: as sondagens condiciona­m muito e acertam pouco. E vão falhar outra vez.”

Paulo Raimundo

Secretário-geral do PCP

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Rui Tavares: “A direita democrátic­a tem de ter com quem dialogar.”

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